Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, tem vindo a desenvolver estratégias para destruir as infraestruturas de comunicações do país. O ministro da Transformação Digital ucraniano, Mykhailo Fedorov, chegou mesmo a pedir ajuda a Elon Musk para suportar a sua rede de comunicações por satélite através do Starlink, respondido com prontidão pelo magnata. Mas o conflito continua noutros pontos, com as forças armadas ucranianas a tomarem controlo das infraestruturas civis de comunicações nas regiões onde estão a ser atacados pelo exército russo.
Como relata o IT Pro Today, muitos serviços de segurança ucranianos e administrações civis estão dependentes das comunicações mobile na resposta aos ataques russos. A Rússia aponta às torres de comunicação das cidades que já tomaram, citando fontes do governo ucraniano. Durante as fases de cessar fogo, os engenheiros correm contra o tempo para fazer as reparações necessárias e restaurar os serviços.
A publicação destaca mesmo alguns engenheiros “heróis improváveis” que permaneceram em Karkhiv, a segunda maior cidade ucraniana, para manter os centros de dados a funcionar. Os bombardeamentos russos fizeram cerca de 1,8 milhões de habitantes da cidade fugir. Alla Struchaieva, chefe executiva da LLC MaxNet, uma ISP que opera na cidade, disse que os seus engenheiros continuam a reparar a rede, apesar da sua vida estar sob ameaça, numa mensagem na sua conta do Telegram. “Isto é incrivelmente difícil. Os disparos e os bombardeamentos continuam durante dias em Kharkiv. Precisamos de trabalhar. Muito depende disso agora. Não somos apenas um centro de dados, somos uma operadora de telecomunicações, internet, telefone e TV”, salientou.
Os engenheiros têm feito reparações nos cabos da rede entre as aberturas de acesso ao esgoto, que foram fundidos devido ao fogo. E já foi restaurado cerca de um terço da rede, disse Alla Struchaieva. A sua empresa suspendeu os serviços para não-ucranianos.
Outro relato chega uma empresa que faz alojamentos, com um centro de dados também em Karhkiv. O seu diretor executivo, Dmitry Deineka, diz que que tinha seis técnicos e engenheiros de suporte ainda na cidade, em refúgios com a família. Salienta que recentemente um ataque na cidade aconteceu a 500 metros de um dos seus núcleos e a apenas um quilómetro do seu centro de dados. “Enquanto houver eletricidade, conetividade e que os sistemas de refrigeração não sejam danificados, espero que os sistemas se mantenham online. Mas não tenho ilusões, isto pode acabar a qualquer momento”.
Destaque para as agências governamentais da Ucrânia que têm trabalhado com as empresas de telecomunicações e as autoridades locais esta semana para colocar os cabos de internet nas caves que os habitantes transformaram em refúgios contra os ataques de bombas. O esforço do governo é manter os habitantes ligados aos serviços governamentais e manter a população informada sobre o desenvolver da guerra. Para tal, só tem de puxar um cabo de Ethernet para os refúgios. A IT Pro Today cita o exército ucraniano, referindo que os russos têm feito propaganda nas áreas ocupadas para persuadir os ucranianos a baixarem a guarda.
Por fim, é referido que a as forças de segurança ucranianas estão a usar aplicações para smartphones, chatbots, email e serviços de mensagens encriptadas, tais como o WhatsApp, Telegram e Signal para trocar relatórios dos avanços das forças russas, assim como recolher provas de potenciais crimes de guerra que podem depois ser usados em tribunal.
Estima-se que três quartos dos núcleos de internet da Ucrânia ainda estejam a funcionar. Mas a guerra já causou cerca de 100 mil milhões de dólares de prejuízo à infraestrutura civil do país e desligou metade dos negócios. O Governo tem pedido aos cidadãos para racionalizar a utilização dos smartphones, devido aos danos feitos na rede.
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