A linha que traça o real do irreal começa a ficar bastante ténue, tais são as capacidades atuais dos renders computorizados alimentados por inteligência artificial. Os chamados Deep Fake, imagens computorizadas muito próximas do real ganham ainda mais impacto com o uso de ferramentas de IA generativa. E mesmo que se consiga perceber, para já, quando uma imagem é feita por computador, os mais distraídos podem não notar.
E isso é importante realçar, quando vê um anúncio encabeçado por uma estrela de Hollywood, mas que este não tem nada a ver com a publicidade. É o caso de Tom Hanks que deixou o alerta na sua conta do Instagram sobre uma publicidade a um plano dentário, que tem a sua imagem, mas o ator nada tem a ver com o mesmo.
Segundo a Digital Trends, o anúncio utiliza a imagem do ator e a sua voz é imitada, com elevada coordenação de movimentos labiais, a “vender o produto”. O ator, conhecido por filmes como Filadélfia, Forrest Gump ou o Náufrago disse que não estava envolvido: “CUIDADO! Há um vídeo por aí a promover um plano dentário com uma versão de mim em IA. Não tenho nada a ver com isso”.
A utilização de IA já afetou os atores de Hollywood, que já se manifestaram numa greve desde julho e cujas negociações estão atualmente em vigor. Em causa está a acusação dos estúdios quererem pagar uma taxa equivalente a um dia de trabalho para terem o uso exclusivo e indefinido dos direitos de imagem dos atores, incluindo o uso de IA generativa para os replicar no ecrã.
Isto significaria que o trabalho dos atores poderia ser dispensado em favor da sua imagem. A qualidade cada vez maior dessas réplicas digitais, veja-se por exemplo que em grande parte do mais recente filme Indiana Jones e o Marcador do Destino é protagonizado por uma versão digital do protagonista, encarnado por Harrison Ford, mais jovem.
E a ideia “bizarra” dos atores continuarem a protagonizar filmes, mesmo depois de falecerem, não é assim tão descabida. Foi o próprio Tom Hanks que disse numa recente entrevista em podcast, citado pelo Digital Trends, que se subitamente não estiver mais por cá, a tecnologia existe para o fazer aparecer em novos filmes.
Zelda Williams, filha do falecido ator Robin Williams, partilhou também na sua conta do Instagram para demonstrar o quanto tem sido perturbante “ouvir” o seu pai recriado em IA durante anos. E a vontade que as corporações têm em recriar atores que já não podem consentir, como o seu pai. E comparou aquilo que se está a fazer com o famoso monstro de Frankenstein.
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