Para lá de ser um palco virtual onde estão em destaque os mais recentes gadgets e inovações, a CES 2021 abriu também o espaço para o debate sobre como o novo governo de Joe Biden terá de lidar com a “herança” da administração Trump em matéria de tecnologia, numa sessão que reuinu Gary Shapiro, presidente e CEO da Consumer Technology Association, e Brian Deese, diretor do National Economic Council (NEC).

De acordo com o responsável do NEC a tecnologia está a desempenhar um papel de relevo na luta contra a COVID-19. É verdade que vivemos um momento de crise, mas a administração Biden acredita que existe uma oportunidade para reforçar o desenvolvimento tecnológico e o progresso científico no país.

Ultrapassar a pandemia não será um processo fácil, porém, Brian Deese indica que as empresas tecnológicas poderão ser uma “grande ajuda” em vários aspetos: desde impedir a disseminação de informações falsas sobre a COVID-19 na Internet a equipar escolas com os equipamentos que necessitam, sem esquecer todo o potencial na própria área da saúde.

CES 2021
Sessão "A Biden Administration’s Approach to Technology and Innovation", com Gary Shapiro e Brian Deese.

“Build Back Better” é o mote por trás do plano de recuperação económica do governo de Joe Biden, com um forte ênfase no fortalecimento da indústria e empresas norte-americanas, na criação de oportunidades para todos, assim como na sustentabilidade ambiental, sublinha o diretor do NEC.

Segundo Brian Deese, um dos objetivos da nova administração é inovar, apoiando-se m nas novas tecnologias e facilitando seu acesso por parte da população, desafiando-se também a tratar de aspetos mais “esquecidos” pelos anteriores governos, como o da crise climática.

O responsável indica que, com a chegada de Joe Biden à presidência, os Estados Unidos vão voltar a fazer parte do Acordo de Paris. “Ao longo dos últimos 4 anos perdemos tempo” e está agora na altura de “criarmos alianças com outros países” para mitigar as consequências, enfatiza, indicando que entrar em conversações com a China é também uma prioridade.

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A tensão nas relações comerciais entre os Estados Unidos e China foram um dos aspetos que certamente marcaram os quatro anos do governo de Donald Trump e a guerra da administração cessante à tecnologia chinesa, vista como uma ameaça à segurança nacional, manteve-se acesa mesmo no seu último ano, com a “lista negra” a crescer e a entrada em novos campos de batalha.

No que toca às relações comerciais entre Washington e Pequim, Deese reitera a posição já defendida por Joe Biden numa entrevista ao The New York Times em dezembro do ano passado, onde o presidente afirmou que não realizaria qualquer novo acordo até ter feito sérios investimentos no país.

O responsável do NEC defende que a China é certamente o principal “adversário” dos Estados Unidos e, apesar de os desafios se terem vindo a acumular ao longo dos últimos anos, é necessário “responsabilizar Pequim pelas suas ações”.

Além de uma abordagem multilateral, que envolve “revitalizar as alianças que os Estados Unidos têm com outros países”, Deese explica que é preciso mudar as várias estratégias que foram aplicadas nos últimos tempos e que muito pouco beneficiaram a indústria e as empresas norte-americanas.

Fechar o “skills gap” dos trabalhadores norte-americanos afirma-se como uma das prioridades do novo governo, através, por exemplo, do aumento do número de programas de estágios e de treino laboral, de parcerias com empresas e do reforço do ensino superior público.

Manter as empresas tecnológicas do país competitivas também está na “lista de tarefas” e Brian Deese afirma que o governo pode mesmo desempenhar um papel impulsionador da inovação, sem esquecer de assegurar que as organizações competem ao mesmo nível.

O SAPO TEK está a acompanhar tudo o que de mais importante se passa na CES 2021. Veja aqui todas as novidades e anúncios da maior feira de tecnologia dos Estados Unidos que este ano decorre em modelo totalmente virtual.