Por Luís Muchacho (*)
Dois anos após o seu lançamento global, o ritmo da adoção do 5G está dois anos à frente, quando comparado com o 4G. Segundo os analistas, até ao final de 2020, cerca de 115 operadores já tinham lançado serviços comerciais 5G em quase 50 países, com mais de 200 milhões de subscrições em todo o mundo. Estamos em meados do segundo trimestre de 2021, e este já está a ser confirmado como o ano de consolidação do 5G, tendo em conta o efeito multiplicador de vários fatores: a disponibilidade e desenvolvimento da tecnologia, um leque mais alargado de dispositivos, a oferta de serviços inovadores em diferentes mercados e a confirmação da criticidade dos serviços de comunicações numa “nova normalidade”.
Como plataforma de inovação aberta, o 5G vai fornecer as infraestruturas críticas necessárias para ajudar a Europa a alcançar uma recuperação económica sustentável, resiliente e inclusiva. Os números certificam-no. Estamos perante um arranque tecnológico, mas também económico. Apesar da incerteza causada pela pandemia, o ritmo de introdução do 5G aumentou tanto no campo das redes como nos dispositivos, e, de acordo com as estimativas, a chegada do 5G a Portugal pode significar um benefício económico que rondará os 2,7 mil milhões de euros, e poderá chegar aos 210 mil milhões de euros de benefícios em toda a Europa.
Mas não é apenas uma questão económica, é também importante considerar os benefícios sociais que a adoção em massa do 5G irá gerar. Nesse sentido, a pandemia deixou claro qual é a importância da conectividade e das redes, e por que razão o 5G deve ser também o motor do setor público como protetor dos cidadãos, com serviços para a saúde, educação e outros serviços essenciais.
Esta é uma oportunidade única, não só para recuperar após o duro golpe sofrido com a pandemia, mas, acima de tudo, por criar condições para o fomento de um mundo digital sustentável, que fomente o desenvolvimento social, humano e económico. Um mundo em que Portugal também tem a capacidade de se mostrar na linha da frente.
No caso da economia portuguesa, o 5G pode criar uma geração de valor a rondar os 3,6 mil milhões de euros até 2030, número que pode atingir os 35 mil milhões de euros até 2035, o equivalente a um impacto anual de um ponto percentual acrescido ao PIB nacional.
De acordo com um estudo da Analysys Mason, encomendado pela Ericsson, a cobertura comercial 5G (3,5 GHz) cobrirá quase metade da população de Portugal e apenas 3% da sua área até 2025, mas será vital para a transformação digital de verticais e serviços públicos. A investigação avalia os benefícios económicos de “5G completo” para Portugal, com base numa mistura de cobertura de baixa frequência (700 MHz) e a banda média (3,5 GHz) necessária para permitir todos os potenciais casos de utilização do 5G, que incluem os setores agrícola, indústria, transporte ferroviário e estradas.
E o 5G também pode ter um impacto positivo nas zonas rurais. De acordo com um estudo de avaliação do desempenho de serviços móveis publicado pela ANACOM em abril de 2021, o desempenho da Internet móvel apresenta uma acentuada degradação nas áreas predominantemente rurais. Observa-se uma deterioração significativa da velocidade de transferência de ficheiros, de navegação na Internet e vídeo streaming nas áreas predominantemente rurais, tanto em download como em upload, que dificultam ou impossibilitam a transmissão de dados em condições adequadas. O 5G é um elemento-chave na redução do fosso digital que ainda existe e na redução do isolamento de determinadas áreas.
Se tirarmos já partido deste potencial, ainda vamos a tempo de colocar Portugal na vanguarda das novas tecnologias, ao nível da indústria 4.0, e colocar de vez um ponto final nas limitações digitais que o país ainda padece.
Por tudo isto, acreditamos que este é o momento de apostar num Portugal verdadeiramente digital. O 5G é o instrumento essencial para a digitalização do país, que nos ajudará a alcançar o estímulo económico de que tanto necessitamos neste momento.
(*) Networks Pre-Sales Lead da Ericsson Portugal
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