Tenha atenção às chamadas desconhecidas que recebe no smartphone, mesmo quando estas são identificadas com um número da rede nacional. O alerta foi dado pelo Gabinete Cibercrime da Procuradoria-Geral da República, em que muitas vezes se atende a chamada, mas não há qualquer resposta do outro lado. Existe um número bastante expressivo de casos de chamadas, com intuitos ilícitos, embora alguns ainda estejam por esclarecer o objetivo.
Os destinatários atendem telefonemas de números nacionais, mas do outro lado, ninguém responde, aponta a nota de alerta. Estas chamadas “mudas” têm sido cada vez mais denunciadas ao Ministério Público. Depois de atender a chamada, alguns segundos esta desliga-se. No caso de não ter atendido a chamada e decida devolver, este é atendido por um titular real. Ou seja, os cibercriminosos utilizam números reais para forjar as suas ações criminais.
Chama-se a isto spoofing, uma falsificação de identidade para obter dados. Esta campanha de chamadas difundidas de forma massiva, que chegam aos milhares, já está a ser investigada pela Polícia Judiciária, que está a trabalhar com as operadoras para identificar as mesmas.
Nestas chamadas mudas, o verdadeiro titular do número não tem qualquer conhecimento de que o seu número foi utilizado de forma abusiva para efetuar várias chamadas, apontam as autoridades. A PGR diz que, apesar de não se conhecerem os contornos desta atividade, a informação disponível aponta que estas chamadas “mudas” sejam exploratórias, que têm o principal objetivo a confirmação e validade dos números telefónicos do destinatário.
Através desta ação, os burlões confirmam a existência do destinatário em preparação a outras fraudes telefónicas, nomeadamente chamadas falsas da polícia, mensagens escritas para cobrança de quantias e outras técnicas como o “olá pai, olá mãe”.
"A preocupação com estas técnicas é a forma massiva como as campanhas são difundidas e conseguem ter contacto direto com as vítimas, numa abordagem quase individualizada. Estão a desenvolver padrões individualizados de ataque e de burla, fazem análise de perfil e com recurso a inteligência artificial”, referiu anteriormente a Polícia Judiciária, sobre o crescimento das fraudes através de IA.
Outro tipo de burla que o Gabinete de Cibercrime da PGR diz ter registado está relacionado com criptomoedas. Estes visam destinatários em Portugal, com conversas estabelecidas em inglês, muitas vezes com sotaque indiano. Estes apresentam-se como funcionários de uma entidade gestora de carteiras de criptoativos e informa a vítima de que o seu endereço de email está associado a uma carteira digital muito antiga. Nesta está depositado um valor elevado e por estar inativa há demasiado tempo irá ser encerrada.
O tom de urgência da comunicação pode apanhar as vítimas desprevenidas, sendo adiantado que o encerramento pode ser evitado, caso abra uma conta numa outra entidade para onde possam ser transferidos os valores que tem na carteira. Os burlões facultam às vítimas instruções e credenciais para acesso a uma plataforma online em que estas podiam consultar o saldo da sua alegada carteira digital.
A proposta de abertura da nova conta para “salvar” o saldo da “antiga” pressupõe o depósito imediato de uma quantia que pode ser de centenas de euros, alertam as autoridades. Nessa carteira, uma vez transferidos os valores propostos, os burlões desaparecem.
Deverá dessa forma evitar prolongar a conversa quando o assunto for relacionado com criptomoedas e nunca transferir valores sem ter a certeza que do outro lado da linha se encontra mesmo um representante do seu banco ou instituição financeira com quem trabalha.
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