Nos primeiros três meses deste ano foram vendidos em todo o mundo 59,8 milhões de computadores, número que traduz um crescimento de 1,5% face ao mesmo trimestre do ano passado e que marca a esperada recuperação do sector, depois de dois anos com vendas em queda.
Como sublinha a IDC, que apura os números, é no entanto importante referir que crescer no trimestre não era difícil, tendo em conta a base de comparação. Nos mesmos três meses de 2023, as vendas de computadores caíram 28,7%, pelo que haver agora alguma recuperação era muito expectável ou muito mau sinal.
Os primeiros números de vendas do mercado de PCs em 2024 são assim uma consequência do recuo da inflação na maior parte das zonas do globo, a impulsionar crescimento na Europa, Médio Oriente e África e nos Estados Unidos, principalmente.
Mais atrasada nessa recuperação está a China, que pela dimensão continua a pressionar o mercado e a influenciar o nível da procura. Isso notou-se sobretudo nos computadores de secretária, onde o trimestre ainda foi de quebras no volume de envios para as lojas, tanto por influência de uma procura mais fraca na China como, de um modo geral, pelo facto do formato ser cada vez mais preterido, por comparação com os portáteis.
O que os números de vendas apurados pela IDC para o período entre janeiro e março também mostram é um regresso do mercado aos volumes de vendas normais antes da pandemia. No primeiro trimestre de 2019, por exemplo, as vendas de PC atingiram os 60,5 milhões de unidades.
Por fabricantes, a Lenovo lidera o mercado de PCs. Neste trimestre reforçou essa posição e foi um dos fabricantes que mais cresceu, até porque há um ano também foi um dos mais penalizados pela retração do consumo. A Apple registou a mesma tendência, crescendo em volume de vendas e quota de mercado. A HP, que neste momento é o segundo maior fabricante de computadores a nível mundial, não conseguiu recuperar vendas face ao período homólogo. A Dell e a Asus acabaram mesmo por vender menos entre janeiro e março de 2024 que em igual período do ano passado.
Vendas de PCs com capacidades de IA devem atingir 50 milhões este ano
Para a Canalys as contas do trimestre são ligeiramente diferentes, mas apuram a mesma tendência. A empresa de estudos de mercado contabiliza 57,2 milhões de unidades enviadas para as lojas e diz que isso representa um crescimento de de 3.2%. Por segmentos, os portáteis representaram vendas de 45,1 milhões de unidades, mais 4,2% que em igual período do ano passado, enquanto nos desktops venderam-se 12,1 milhões de equipamentos, mais 0,4%.
A Canalys prevê que a tendência positiva se mantenha durante o resto do ano, beneficiando da maior procura de equipamentos com capacidades de inteligência artificial e com Windows 11. "O crescimento no primeiro trimestre de 2024 é um bom presságio para um mercado de PCs forte ao longo do ano", sublinhou Ishan Dutt, analista principal da Canalys, na nota de divulgação dos números.
"Os fornecedores e o canal têm trabalhado em correções finais de inventário e as condições macroeconómicas em alguns mercados continuam a limitar a procura, mas a força da oportunidade de atualização, particularmente por parte das empresas, começa a destacar-se".
Além desta esperada transição em larga escala para o Windows 11, a Canalys também dá mais pistas sobre o impacto da maior procura de equipamentos com capacidades de IA ao longo deste ano, antecipando que isso será visível sobretudo a partir da segunda metade do ano, em alinhamento com vários lançamentos agendados para esse período. A consultora estima mesmo que este ano serão vendidos já 50 milhões de computadores com capacidades do IA.
Recorde-se que no quarto trimestre de 2023, segundo as contas da IDC, foram distribuídos cerca de 67,1 milhões de PCs, menos 2,7% que no mesmo período homólogo do ano anterior, números que ainda assim ultrapassaram as expetativas para o período. O trimestre foi o oitavo consecutivo em que o mercado dos computadores ficou no vermelho e foi o período natalício mais baixo em termos de volumes de distribuição, desde o quarto trimestre de 2006.
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