Mais de 60% das mulheres que participaram no estudo do Web Summit admitem que há um declínio na igualdade do género nas tecnologias, um número que cresceu face aos dados de 2024. O estudo anual do State of Gender in Tech coloca o foco numa percepção que se tem vindo a aprofundar e que já foi diagnosticada a nível internacional, em especial com a mudança de políticas nos Estados Unidos depois da eleição de Donald Trump.

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"O clube dos rapazes está de volta em força", comenta uma das participantes do estudo, uma afirmação que se junta a outras frases destacadas, como a necessidade das mulheres superarem expectativas para serem levadas a sério, num mundo onde os erros não são tolerados.

Questionadas sobre se a indústria está a tomar medidas apropriadas para evitar este problema, a percentagem de mulheres que mostra que discorda fortemente quase duplicou, para 10%, e só 39% concordam.

estudo Web Summit
estudo Web Summit créditos: Web Summit

As várias formas de sexismo no local de trabalho continuam a ser realidade para quase metade das mulheres e 49% dizem ter sido descriminadas, mas o número baixou ligeiramente face ao ano passado. 76% das inquiridas afirmam sentir que têm de trabalhar mais para provar o seu valor e o número das mulheres que sente que tem de superar expectativas aumentou face aos dados de 2024.

Esta é a sexta edição do estudo promovido pelo Web Summit, no ano em que a organização assinala 10 anos do programa de mulheres na tecnologia que tem trabalhado para incluir mais mulheres nas conferências e eventos, como oradoras e participantes.

As perspectivas de uma igualdade de género parecem não ser brilhantes, mas a boa notícia é que  há mais mulheres que admitem estar preparadas para liderar. São 81% das inquiridas no estudo, um valor que sobe 5 pontos face ao estudo anterior.

O papel da Inteligência Artificial para reduzir as desigualdades

No estudo é também avaliada a utilização da Inteligência Artificial no trabalho, e a confiança no papel que a tecnologia pode ter para reduzir desigualdades.

Setenta e sete por cento das mulheres usam a IA diariamente e 75% afirmam que tem o potencial para promover a inclusão, sendo que apenas uma em cada quatro revela receio de que possa reforçar os preconceitos.

“A verdadeira inclusão requer um envolvimento significativo e mudança cultural, não apenas o cumprimento de quotas”, refere outra das participantes no estudo do Web Summit.

Questões relacionadas com o equilíbrio entre a vida privada e o trabalho são também referidas no estudo, com 56% a admitirem ter de escolher entre a carreira e a família, um número que cresce face a 2024.

Em sentido contrário, os salários estão mais equilibrados e apenas 37% dizem sentir que o pagamento é injusto face ao dos colegas homens, numa redução significativa face aos 51% de 2024.

O estudo do Web Summit abrangeu este ano 671 participantes da comunidade woman in tech em todo o mundo, abrangendo a Europa, América do Norte e América do Sul, Ásia e África. A idade das participantes varia entre os 18 e os 74 anos, mas a larga maioria está no grupo dos 35-44 anos. 

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