A somar a perdas recorde de gelo, a temperaturas recorde do ar e a secas recorde, a temperatura da água dos oceanos do planeta também está a subir e os valores podem aumentar ainda mais, com a iminência do regresso do El Niño. Nos céus, os satélites da ESA estão a ser usados para monitorizar os padrões que levam ao fenómeno cíclico, para ajudar a melhor entender e prever as suas consequências no contexto das alterações climáticas.
O sistema atmosférico-oceânico de El Niño e La Niña, conhecido como El Niño Oscilação Sul, é responsável por variações significativas na temperatura e precipitação globais, além da tendência de aquecimento causada pelas alterações climáticas.
O El Niño acontece a cada poucos anos, quando os ventos alísios enfraquecem, permitindo que a água quente no oeste do Oceano Pacífico se desloque para o leste, trazendo consigo mudanças nos padrões de vento e na dinâmica oceânica. Isso pode ter um impacto significativo no clima em todo o mundo, levando a mudanças nos ecossistemas e nas pescas, secas, inundações e tempestades, entre outros.
Os modelos climáticos sugerem que, após três anos de La Niña, que tem um efeito geral de arrefecimento do planeta, nos próximos meses vamos ter de lidar com o regresso do mais problemático El Niño.
Veja o vídeo explicativo da ESA
As alterações climáticas já estão a contribuir para os valores recorde registados na temperatura do ar ou em degelo, prevendo-se que o fenómeno que se aproxima piore as coisas. É só pensarmos que mais de 70% do nosso planeta é coberto pelos oceanos, refere Craig Donlon, cientista da ESA, apontando para o “enorme papel” que isso representa no sistema climático.
“Todos nós sabemos que o clima está a ficar mais quente - mas imagino que a maioria das pessoas pense primeiro na temperatura do ar. Na verdade, os oceanos absorvem muito desse calor extra, mantendo a atmosfera relativamente fria. Isso teve um custo, e agora vemos a temperatura dos oceanos num valor recorde desde o início dos registos”.
Os satélites de observação da Terra, e mais especificamente a missão Copernicus Sentinel-3, são fundamentais para monitorizar os padrões que levam ao fenómeno cíclico e para ajudar a melhor entender e prever as suas consequências no contexto das alterações climáticas.
De “sentinela” na terra e no mar
Construída pela ESA e operada pela Eumetsat, a missão Copernicus Sentinel-3 é apresentada como única por fornecer medições da temperatura global da superfície do mar, bem como da altura da superfície do mar, a partir da mesma plataforma de satélite.
A missão compreende dois satélites idênticos, cada um integrando o mesmo conjunto de instrumentos, como o Sea and Land Surface Temperature Radiometer, que mede as temperaturas globais da superfície do mar todos os dias, com alta precisão. Outro é um altímetro de radar que mede a altura da superfície do mar, a altura significativa das ondas e a velocidade do vento. Há também um gerador de imagens, chamado Ocean and Land Color Imager, que permite estudar as assinaturas biológicas no oceano que são modificadas pelo El Niño.
O Sentinel-6 é o altímetro de referência usado para homogeneizar os outros dados de altímetro de satélite, de modo a fornecer medições do aumento do nível do mar a cada 10 dias.
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A ESA refere que está atualmente a construir mais dois satélites Sentinel-3 - o Sentinel-3C e o Sentinel-3D - para garantir a continuidade das medições. Está também a ser pensada uma missão Copernicus Sentinel-3 Next Generation, acrescenta.
Em resumo, o programa Copernicus está bem preparado para continuar a monitorizar os oceanos do planeta Terra no futuro, garante.
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