O iPhone 14 é o "melhor iPhone de sempre", uma máxima que a Apple tem usado em cada nova apresentação, e que não deixa de ser verdadeira. Mesmo sem grandes inovações e diferenças evidentes no formato e design em relação à geração anterior, o iPhone 14 tem melhores processadores na versão Pro, atualização nas câmaras para fotografia e gravação de vídeo, novidades no sistema operativo, com novas funcionalidades que oferecem aos utilizadores do ecossistema iOS mais valor. E é isso que continua a fazer com que a marca se mantenha na liderança dos equipamentos topo de gama.
Apesar de ser criticada por trazer pouca inovação, a expectativa é que a Apple mantenha pelo menos o mesmo nível de vendas do iPhone 13, ainda que o mercado global de smartphones possa vir a cair devido à crise económica. E mesmo o aumento de preços que coloca todos os modelos acima dos 1.000 euros em Portugal, com o valor a subir cerca de 100 euros em relação ao iPhone 13, não parece afastar os fãs da marca, que hoje voltaram a fazer filas para estarem entre os primeiros a comprar o novo smartphone.
Veja as imagens das filas para comprar o novo iPhone 14
"Continuamos a ver a Apple a apostar na gama alta e a trazer funcionalidades inovadoras, como o serviço de emergência por satélite. Na prática continua a oferecer valor para justificar preço", adiantou ao SAPO TEK Francisco Jerónimo, vice-presidente de Data & Analytics da IDC Europa.
O analista acompanhou o lançamento do iPhone em São Francisco, no Apple Park, e defende que a ligação ao satélite é um dos elementos diferenciadores, e que apesar de estar para já limitado ao serviço de emergência nos Estados Unidos e Canadá, abre portas a uma conetividade que vai além da rede móvel e que pode estender-se à ligação à internet como alternativa em várias partes do mundo.
Também o reforço do ecossistema de wearables é destacado por Francisco Jerónimo que admite que este é um vetor de crescimento que a Apple vai querer continuar a explorar. "Há muitos clientes do iPhone que ainda não têm um Watch ou um Air Pod e esta é uma oportunidade de crescimento para a Apple que não quer depender só dos smartphones", sublinha.
Os novos relógios, entre os quais está o Watch Ultra, que tem também um preço acima de 1.000 euros, foram um dos principais focos da apresentação da Apple no dia 7 de setembro e tudo indica que podem ser um novo sucesso de vendas.
O fim do iPhone Mini e a aposta clara em "maior e mais caro"
Os modelos iPhone Pro e Pro Max condensam as principais inovações que a Apple introduz nos novos smartphones e deixam a versão base do iPhone 14 numa evolução na continuidade. Todos os telemóveis suportam 5G e Face ID, incluindo também o sistema de emergência com ligação a satélite e a deteção de acidentes que a Apple já explicou que só se aplica em sinistros graves.
Com o mesmo tamanho de ecrã de 6,1 polegadas, o iPhone 14 mantém o processador do iPhone 13, o A15 Bionic, embora com uma pequena atualização no GPU, e adiciona mais tempo de bateria e a estabilização da câmara fotográfica frontal com focagem automática.
O iPhone 14 Plus, que só chega às lojas a 7 de outubro, estica o ecrã às 6,7 polegadas e acrescenta mais tempo de duração da bateria, mas de resto mantém as mesmas características da versão base.
Mais interessantes são os modelos Pro e Pro Max, com a nova "ilha de notificações" que a Apple faz questão de apresentar como inovadora e que se adapta aos alertas recebidos. Mas há também mudanças na qualidade do ecrã (que têm as mesmas dimensões de 6,1 e 6,7 polegadas) e sobretudo no sistema de câmaras, com um sensor principal de 48 MP, uma ultra grande angular e uma teleobjetiva. Por dentro é o processador A16 Bionic que garante mais capacidade de processamento e maior eficiência energética.
Veja as diferenças entre os vários modelos de iPhone 14, iPhone 13 e iPhone SE
O mais curioso é que a Apple abandona o conceito de Apple mini e a aposta num modelo com o preço mais acessível, embora mantenha o iPhone SE. Francisco Jerónimo admite que esta é uma mudança relevante mas que era esperada, até porque as vendas do mini eram pouco significativas no universo do iPhone.
Os preços são um dos elementos relevantes a considerar. Os valores apresentados durante o evento, para o mercado norte americano, começam nos 799 para o iPhone 14, mas como é habitual em Portugal estão alguns degraus acima, e o modelo mais barato vai começar nos 1.009 euros e sobe para os 1.189 euros para o iPhone 14 Plus.
Confirma-se uma subida de mais de 100 euros em relação aos valores do ano passado, um dos rumores que circulava online. Para a versão base do iPhone 14, de 6,1 polegadas de ecrã, o armazenamento é de 128, 256 e 512 GB, com diferenças significativas entre cada um dos modelos, e preços a começar nos 1.039, passando para 1.199 e 1.429 na versão com mais memória. No ano passado os valores estavam 100 euros abaixo, e o iPhone 13 de 128 GB chegou às lojas a custar 929 euros.
O iPhone 14 Plus começa nos 1.189 euros, na versão de 128 GB, passando para 1.319 e 1.579 euros no modelo de 512 GB.
Como seria de esperar, as duas versões Pro são mais caras e começam nos 1.349 euros para 128 GB. As versões de 256 e 512 GB sobem para 1.478 e 1.739 euros, mais 250 euros para duplicar o espaço para guardar informação. E o modelo com 1 TB, que tinha sido já uma das opções no iPhone 13 Pro e Pro Max, custa 1.999 euros.
Nestas versões mais artilhadas a Apple também mexeu significativamente nos preços. Em 2021 as versões Pro começavam nos 1.179 euros e a versão Pro Max nos 1.279 euros. Os modelos tinham quatro opções de armazenamento interno, começando nos 128 GB, 256, 512 e como novidade, 1 TB.
Francisco Jerónimo diz que a análise da IDC não antecipa que o facto dos preços serem mais altos tenha impacto nas vendas. A Apple mostra que não está disposta a absorver o aumento de custo de produção, que aumentou nos últimos meses, e a taxa de câmbio para o euro não favorece a Europa. De qualquer forma sublinha que o impacto da inflação tem sempre mais reflexos em utilizadores com rendimentos mais baixos, que não são o público alvo principal dos produtos da Apple.
O fim do SIM físico?
A adoção do eSim, e o facto de alguns modelos de iPhone dispensarem a bandeja de colocação do cartão SIM, é mais uma das inovações que a Apple está a introduzir e que pode vir a fazer caminho no mercado. Para já está limitado aos Estados Unidos mas é possível que a tendência venha a estender-se à Europa, e a Portugal.
A Apple já tentou por várias vezes eliminar o cartão SIM físico, mas no passado teve resistência dos operadores que queriam controlar os clientes através deste pequeno dispositivo, ligado às marcas e que torna mais difícil a mudança de operador. Francisco Jerónimo acredita que isso está a mudar e que o eSIM pode ser visto como uma oportunidade. "Os operadores querem distinguir-se por oferecer melhor serviço e não passa por bloquear os clientes", explica, dizendo que é uma questão de tempo até alguns operadores mais pequenos começarem a oferecer o eSIM e os maiores terem de os seguir neste caminho.
"Ganha a Apple e ganha o cliente porque o espaço que se poupa no equipamento pode ser usado para outras componentes como uma bateria maior", defende o analista.
A Apple preparou um vídeo com as principais novidades dos novos iPhone 14, numa espécie de visita guiada, que pode ver aqui
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