A nova série de smartphones topo de gama da Xiaomi, a linha Xiaomi 14, foi a estrela da apresentação da empresa no MWC24, que decorreu em Barcelona, com destaque para a tecnologia integrada nas câmaras e a conetividade do HyperOS. À margem da feira, o SAPO TEK entrevistou Daniel Desjarlais que explicou as opções e a aposta na “inteligência proactiva”.

Com o Xiaomi 14, este ano, e o Xiaomi 13, no ano passado, fizemos um movimento muito claro  para o segmento premium. Como sabe temos sido muito bem sucedidos na gama média e na gama de entrada, e começámos a desenvolver mais o portfolio de flagships, com a parceria da Leica na fotografia e imagem, e essa tecnologia permitiu-nos ter uma das melhores, ou mesmo a melhor, oferta em smartphones”, explica o diretor de comunicações e relações públicas da Xiaomi Internacional.

Daniel Desjarlais foi um dos protagonistas da apresentação dos novos smartphones e wearables da empresa, subindo ao palco do centro de conferências de Barcelona para mostrar todas as novidades e a integração do ecossistema e a visão do Humano x Carro x Casa, com o princípio de interconetividade que coloca o elemento humano no centro da equação.

Veja as imagens da apresentação em Barcelona

O Xiaomi 14 Ultra, que chegou esta semana ao mercado português, é o novo topo de gama da marca e Daniel Desjarlais destacou a tecnologia das câmaras, que é diferenciadora, com a conjugação de um conjunto de funcionalidades que até agora não podiam ser encontradas no mesmo dispositivo, como a lente Leica Summilux, o sensor de 1 polegada, a escolha entre seis distâncias focais e a abertura variável na câmara principal, assim como a câmara telefoto flutuante.

“São conquistas importantes de engenharia e são funcionalidades relevantes numa câmara, que já podiam ser encontradas noutros equipamentos mas a combinação de ambos num smartphone é extraordinária”, explica, sublinhando que estas opções trazem mais qualidade ao resultado final e dão aos utilizadores mais possibilidades criativas. E a Xiaomi continua a trazer alguma desta tecnologia também para a gama média de equipamentos, permitindo maior escolha nas várias gamas de preços.

Ainda assim, Daniel Desjarlais admite que há algumas funcionalidades difíceis de implementar nos smartphones mais baratos, porque os componentes são mais dispendiosos.

Inteligência Artificial em todo o lado?

Questionado quanto ao domínio que as funcionalidades de Inteligência Artificial estavam a ter no MWC24, o diretor de comunicações e relações públicas da Xiaomi Internacional defende que a IA “não é uma funcionalidade ou um argumento de venda mas a base e a evolução de tudo”.

“Isto é uma mudança que vai ter um impacto longo e profundo e vai impactar tudo o que fazemos”, afirma. “Do meu ponto de vista, e estou a falar a nível pessoal, é muito claro que isso vai acontecer. As empresas que não abraçarem esta tecnologia vão ficar para trás muito rapidamente”, justifica.

E não há possibilidade de empresas como a Xiaomi ficarem subordinadas às companhias que desenvolvem os grandes modelos de linguagem, como a OpenAI, ou o hardware, como a Qualcomm e a Nvidia?  Daniel Desjarlais lembra que o desenvolvimento e exploração dos LLM é uma das questões mais difíceis sobretudo nos smartphones, porque o processamento pode ser feito na cloud ou no equipamentos e estas são decisões que têm de ser feitas com os parceiros. “Por exemplo a Qualcomm está a fazer um bom uso do seu MPU para nos permitir processamento de muitas funcionalidades avançadas no smartphone”, justifica, admitindo que poderia haver a possibilidade de desenvolvimento in house pela Xiaomi, mas se alguém já inventou a roda não vale a pena reinventá-la.

O foco está também no desenvolvimento do HyperOS e da interligação dos vários elementos, com a inteligência proactiva. “Temos um ecossistema alargado que mais ninguém tem e esta é uma das áreas de crescimento, onde podemos criar um sistema que se torna mais inteligente e útil”, afirma. “O objetivo é que seja possível analisar, de forma segura e privada, os hábitos e estilo de vida do utilizador e codificar de forma proactiva a sua vida. O Smart Hub vai ser essencialmente o centro disso”, adianta ainda.

Já há equipamentos a integrar o HyperOS na Europa e isso é uma realidade crescente nos smartphones e no IoT, e em breve também nos carros na China, com o próximo lançamento do automóvel elétrico Xiaomi SU7. Na altura da entrevista ainda não tinha sido definida uma data para o início da comercialização, que entretanto foi marcada para 28 de março deste ano.

A propósito da decisão de lançar primeiro o automóvel no mercado chinês, questionámos Daniel Desjarlais sobre opções semelhantes nos smartphones, com vários modelos a chegarem primeiro às lojas na China e só mais tarde na Europa. Embora a distância esteja a diminuir, sendo de apenas poucos dias no caso do Xiaomi 14, será esta uma questão a manter? “Essencialmente é apenas uma questão logística”, afirma, lembrando que há grande diversidade de regiões, países e até regulamentação e certificação. “A nossa estratégia é global e temos sempre de considerar os vários factores”, justifica o executivo da Xiaomi.