Por Adrian Ludwig (*)
A Black Friday nasceu como um fenómeno de consumo, mas tornou-se, silenciosamente, num teste de stress à própria internet. O que antes era uma corrida entre consumidores à procura do melhor desconto, é hoje, muitas vezes, uma disputa desigual: humanos contra bots.
Em segundos, softwares maliciosos conseguem esgotar produtos, distorcer preços e manipular rankings. Aproveitam falhas, exploram sistemas e assumem identidades que não lhes pertencem. O resultado repete-se ano após ano, com oportunidades que nunca chegam às pessoas, avaliações que não correspondem à realidade e plataformas onde não é claro quem está do outro lado.
Este fenómeno expõe uma fragilidade estrutural do comércio digital: a confiança. Quando avaliações falsas, perfis automatizados e transações opacas se tornam comuns, os consumidores começam a duvidar não só das lojas, mas do próprio ambiente onde compram. Sem confiança, não existe escolha informada e fica apenas um sentimento de incerteza.
É neste ponto que a ideia de prova de humanidade se torna central, de forma a restaurar uma base de equidade. Assegurar, de forma anónima e sem expor dados pessoais, que cada transação, comentário ou participação corresponde a um ser humano único. Esta é uma camada simples, mas estrutural, que devolve clareza ao que hoje está encoberto pela automação.
E esta necessidade tem aumentado com a chegada de agentes de IA capazes de negociar, pesquisar e comprar por nós. Mesmo num futuro mediado por algoritmos, cada ação no mundo digital terá de provar que existe uma pessoa única e real por detrás dela. Sem essa camada, o mercado digital corre o risco de se fragmentar entre automação descontrolada e consumidores permanentemente desconfiados.
A Black Friday pode ser apenas uma data no calendário, mas revela uma tendência maior: num ecossistema cada vez mais automatizado, o que realmente precisa de ser protegido é aquilo que torna o comércio possível — a autenticidade humana. Se as oportunidades devem ser para todos, então é fundamental garantir que continuam a ser, acima de tudo, para pessoas.
(*) Chief Architect da Tools for Humanity
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