Por Fernando Monteavaro (*)

O mundo atual está cada vez mais volátil, incerto e complexo. As tecnologias disruptivas colocam a sociedade em constante mudança. Os consumidores atuais têm necessidades diferentes e procuram rapidez e flexibilidade. E muitas startups estão a redefinir os mercados e a experiência desses mesmos consumidores.

Todos os dias ligamo-nos a um dispositivo digital. Sempre que o fazemos tomamos uma decisão e, quer queiramos quer não, mostramos um comportamento, que pode ser usado para definir o nosso perfil. Mais de quatro mil milhões de pessoas utilizam a internet a nível global. Todos os dias são visualizadas mais de mil milhões de horas de vídeos no Youtube e feitas mais de 3,5 mil milhões de pesquisas no Google. Todos os dias, 500 milhões de utilizadores usam as stories do Instagram. São milhares de milhões de comportamentos inseridos por segundo.

Nunca na história existiu um volume de informação tão grande como o atual. Mas, incorporar essa informação na cadeia de valor - para oferecer um produto personalizado, com um preço ajustado, e criando uma ligação emocional com o cliente em todo o processo de aquisição - é algo que ainda poucas empresas conseguem fazer.

Na área dos seguros, tradicionalmente, as empresas vendiam produtos com uma vida útil média de cerca de dez a 15 anos. Hoje, muito acontece durante esse tempo e rapidamente as soluções podem tornar-se obsoletas.

Nesse contexto, torna-se claro para todos que estamos a enfrentar diferentes desafios face ao futuro, não só relacionados com o volume de informação ou tipo de dispositivo utilizado, mas também com o tipo de informação.

Os consumidores procuram uma maior individualização da experiência. O cliente quer que a empresa o respeite e lhe ofereça uma solução personalizada. Por exemplo, na indústria seguradora já se está a trabalhar em microsseguros, personalizados para dar resposta a necessidades específicas e de curta duração para um determinado cliente.

É na passagem do modelo de gestão e reporte dos dados, para a introdução de modelos de análise e preditivos que as empresas poderão criar mais valor. Trilhar esse caminho significa definir uma estratégia clara de dados que cubra inúmeros aspetos, desde a identificação das fontes dos dados, à definição das regras de proteção e privacidade desses mesmos dados, até à avaliação das competências dos talentos em toda a organização. Como em qualquer processo de transformação, trata-se de fazer uma viagem, que será crítica para a rentabilidade das empresas.

Não tenho dúvidas que a forma como se está a desenvolver o uso da Inteligência Artificial (IA), vai potenciar muitas oportunidades para aumentar as vantagens competitivas das empresas mais inovadoras. Ferramentas de Big Data, Machine Learning, entre outras tecnologias, já estão a permitir aumentar a inclusão no acesso aos serviços financeiros, assegurando, por exemplo, que pessoas com doenças crónicas, que demonstrem gerir a sua condição de uma forma rigorosa e adotar um estilo de vida adequado, possam beneficiar de seguros competitivos e abrangentes. Trata-se de potenciar a inovação tecnológica e o poder da Smart Data para criar uma experiência personalizada e inclusiva para todos.

(*) Head of Iberia Regional Application Development e IT Digital EMEA na Metlife