Está a decorrer na FIL, no Parque das Nações, mais uma edição do Smart Cities Summit, reunindo produtos e soluções 5G que potenciam o “upgrade” às cidades, tornando-as mais inteligentes e dinâmicas contribuindo para uma melhoria das pessoas. O tema já é antigo, mas todos os players aguardam o lançamento do 5G comercial para dar o pontapé de saída às suas soluções. A velocidade da rede, mas sobretudo a baixa latência permitida pelo 5G garante a conetividade ideal para completar o complexo puzzle das smart cities.
A NOS esteve presente no certame, apadrinhando no seu espaço diferentes parceiros com soluções práticas 5G, incluindo uma simulação de uma Sala de Comando, aquele que é o centro nevrálgico para o controlo das operações das cidades inteligentes. Este centraliza tudo aquilo que são sistemas de sensores das soluções espalhadas nas diversas áreas: gestão de resíduos, semáforos, limpeza de espaços verdes, passadeiras e luminárias inteligentes.
A gestão de dados é um dos recursos mais importantes relacionados com toda esta transformação de sistemas de nova geração. Uma passadeira inteligente, à primeira vista, pode não dizer muito em termos práticos aos peões, mas em termos de logística vai ser possível medir com precisão o número de pessoas que a utiliza, os aglomerados, determinando as horas de ponta. E tudo em redor vai sendo regulado mediante a utilização.
Veja na galeria imagens de soluções apresentadas no Smart Cities Summit:
As oportunidades são muitas, olhando para estes exemplos práticos expostos. Com os sensores, é possível gerir aglomerados, ativando serviços de limpeza ou mesmo policiais pelas autarquias, caso seja necessário. O importante é que a velocidade de processamento de dados, da captação das imagens pelas câmaras, se tome decisões em tempo real, facilitando os decisores a lidar com a logística.
João Ricardo Moreira, Administrador da NOS comunicações e centro de transformação das empresas, fez um pequeno tour das soluções expostas ao SAPO TEK, explicando como é que na prática estas soluções vão melhorar a vida das pessoas, direta e indiretamente. Estas soluções verticais procuram responder aos problemas das cidades, respondendo ao Centro de Comando.
No bloco da Cidadania e Segurança, as soluções tiram partido direto dos sistemas de Video Analytics e Suporte Remoto através do 5G, mas também a gestão de ocorrências, urbanística e deteção de incêndios. Estes sistemas visam uma aproximação do cidadão da autarquia, utilizando uma simples aplicação do município para reportar um buraco na estrada, caixote de lixo cheio, entre outras situações banais do dia-a-dia das pessoas. “A grande vantagem dos municípios que já adotaram estes sistemas é que o cidadão não tem que pensar que tem de ir ao departamento A ou B para reportar problemas, pode fazê-lo através de uma app que será encaminhada para os serviços correspondentes”. Oeiras é um exemplo de um município que já adotou este tipo de sistemas.
“Há que dizer que todos estes sistemas são respeitadores das questões da privacidade, como as câmaras que processam localmente os dados. São depois transmitidos para o Centro de Controlo e Segurança apenas os dados de contagens de pessoas, com algoritmos cada vez mais elaborados para extrair do vídeo dados para diferentes fins”, refere João Ricardo Moreira. O que é medido são os dados estatísticos mais relevantes, como por exemplo, o percurso das lavagens das ruas ou da recolha do lixo é dependente da pressão do número de pessoas. “Para se saber se uma rua precisa ser lavada duas vezes por dia, mediante o número de pessoas que passem no local”. Na prática, os gestores das frotas e dos funcionários vão poder saber com exatidão os locais que necessitam de um reforço. Evita ainda, noutro exemplo, que equipamentos como camiões de lixo se desloquem em locais onde não são essenciais.
As soluções não são apenas destinadas aos centros urbanos, mas também para as zonas rurais. O sistema de deteção de incêndios, para proteger as florestas com base de dados de vídeo, despoletando algoritmos que possam despoletar os mecanismos de combate ao incêndio.
Na área da Saúde e Educação, também foram mostradas algumas soluções, nomeadamente a monitorização de segurança de domicílios e saúde para idosos, através do 5G. Sejam sensores ou detetores de queda para as pessoas mais idosas, assim como sinais vitais, cujos dados podem ser passados aos núcleos como a Santa Casa da Misericórdia ou médicos de família. Os equipamentos podem ser montados na casa das pessoas ou através de soluções de wearables.
A Hopecare é uma das empresas parceiras da NOS que esteve presente na FIL para mostrar o seu sistema de pulseira inteligente de monitorização. Segundo Francisco Norton de Matos, diretor de negócio, o 5G vem acrescentar valor no seu conceito de “Hospital em casa” em três módulos: recolha de dados em casa através de um smartphone ou tablet. O seu sistema já utilizava o 4G para conectar os diferentes aparelhos, recolhendo os dados de forma automática, como a temperatura, a oximetria, peso, tensão arterial, entre outros dados para dar ao médico.
Esses dados são enviados para a cloud, sendo feita uma triagem segundo o protocolo clinico estabelecido pelos médicos, tendo depois alarmes variados mediante a gravidade e urgência das intervenções. A empresa tem uma plataforma para pacientes de doenças crónicas, tais como diabetes, e outra para utilizadores mais idosos. Seja em situações de queda, ou pedido de auxilio carregando nos botões, ou então um sistema de prova de vida, numa plataforma em que é gerado um alarme e a pessoa responde a dizer que está bem. “Sendo tudo isto gerido por dados, o 5G vai dar um salto quantitativo como qualitativo”.
No bloco do Ambiente, as soluções expostas centraram-se na Rega Inteligente, Gestão de Resíduos e Contadores Inteligentes geridos por 5G de forma mais eficiente. Como exemplo, João Ricardo Moreira referiu os sistemas de rega inteligentes, que acabam por detetar o estado do tempo na decisão se acionar. “Não faz sentido acionar os sistemas quando está a chover”, refere. Ou deteção de fugas de água que fazem disparar as contas da água para o município. Os postos de carregamento para automóveis elétricos também estão ligados a esta temática, no que diz respeito à energia.
Por falar em energia, os postes públicos de iluminação também vão ser modernizados com soluções 5G. No evento estavam expostos dois modelos de luminárias, ambos com carregamento através de painel solar e um deles com sistema eólico. Rogério Mota da CWay explica que os seus postes garantem uma bateria para 15 dias para casos extremos de emergência, em dias de chuva ou enublados, assim como situações sem vento.
A sensorização da rede pública de iluminação vai garantir que não hajam luzes acesas ainda durante o dia ou apagadas quando já é de noite. A sincronização dos aparelhos e os sensores, permitem ter controlo da intensidade da luz adequados à rua onde estão instalados. Quanto à segurança, admitindo que nenhuma tecnologia está livre de ataques, João Ricardo Moreira diz que existem mecanismos e soluções para mitigar os ciberataques.
Na área do turismo e mobilidade, foram mostradas algumas soluções de Bike Sharing, estacionamento e passadeiras inteligentes. Perceber onde as pessoas largam as bicicletas ou trotinetes elétricas, monitorizar em tempo real o estado da bateria ou avarias é uma das vantagens da velocidade do 5G.
Mas quando é que a tecnologia das cidades inteligentes deixa de estar associada a case studies, para se assumir como “normal” na vida das pessoas? Para João Ricardo Moreira o momento é agora, co a iminência da chegada do 5G. Há anos que a tecnologia está a ser trabalhada, encontrando-se suficientemente madura para ser implementada. Por outro lado, houve eleições recentemente e as autarquias querem fazer os investimentos para modernizar as cidades, porque têm ideias concretas para aquilo que fazer.
“O 5G marca uma disrupção na tecnologia, que trás como vantagem não exigir uma infraestrutura fixa, sem a necessidade de abrir valas e obras complicadas, pois pelo ar consegue chegar a larguras de banda elevadas.” Na prática, colocar uma antena 5G substitui a necessidade de passar quilómetros de cabos. Por outro lado, com a velocidade da rede e respetiva latência baixa, os equipamentos acabam por ser mais baratos, porque não precisam de ter tecnologia de ponta, como processadores, porque tudo é transmitido para a cloud.
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