A jornada do Tianwen-1 foi longa e depois de seis meses de viagem e 470 milhões de quilómetros percorridos chegou à órbita de Marte em fevereiro. A agência espacial chinesa pode dar hoje mais um passo histórico e depois de três meses a vigiar o planeta vermelho a partir da sua órbita, vai tentar aterrar o seu rover Zhurong na superfície marciana. Enquanto isso, a NASA continua a sua missão com o rover Perseverance e o seu inseparável helicóptero Ingenuity, que acaba de completar o seu quinto voo com sucesso. Estima-se que a aterragem do lander aconteça esta madrugada, de 14 para 15, às 00h11 (hora de Lisboa), mas a sua janela de oportunidade prolonga-se até ao dia 19 de maio.

Como vai Zhurong aterrar?

A aterragem no planeta é considerada a parte mais difícil da missão, daí ser apelidado de “7 minutos de terror” pelos cientistas da NASA correspondentes à entrada do rover na atmosfera de Marte até pousar no solo. E lembre-se que nunca outra agência para além da NASA conseguiu aterrar um veículo no planeta vermelho, e por isso a China pode tornar-se o segundo a fazê-lo. A dificuldade é ter de “rasgar” a atmosfera a uma grande velocidade, mas depois ter a capacidade de reduzir para não embater no solo.

De forma a conservar combustível, o lander vai utilizar a atmosfera superior como travões naturais, chamado de “aerobraking”, uma técnica anteriormente utilizada em outras missões a Marte pela NASA, como o Mars Reconnaissance Orbiter. Mas como tem um rover no interior, o processo é mais complicado e delicado, até porque não existe nenhum oceano como na Terra para um “splash” mais seguro, a aterragem é em solo firme. A NASA utilizou paraquedas nas suas missões. E o processo não é feito com controlo em tempo real, os engenheiros na Terra têm de deixar as instruções previamente definidas, e por isso já se perderam diversos veículos no processo no passado.

Segundo a Nature, o lander vai estar protegido por escudo de calor, fazendo disparar depois o seu paraquedas para abrandar a queda. Estima-se que o lander entre na atmosfera a uma velocidade de 4 km/s, antes de disparar o seu paraquedas.

E no fim, usará o disparo dos motores para travar e até flutuar pela superfície guiado por um sistema de lasers (LiDAR) que vai assegurar com precisão o melhor lugar para a aterragem evitando rochas e outros obstáculos. Tem ainda um sensor de microndas para determinar com melhor eficácia a sua velocidade. Estes sensores são tecnologias inovadoras no controlo do lander diferente da técnica usada nas manobras da NASA.

tek Zhurong
(C) Nature

Alguns dias depois, quando o “pó assentar”, o rover vai sair do interior do lander e começar a próxima etapa: a exploração do planeta durante, pelo menos, três meses ou até anos, se conseguir manter-se saudável. O veículo é composto por seis rodas e coberto por quatro painéis solares, parecendo uma "borboleta azul". Tem um peso de cerca de 240 quilos.

O local escolhido para a aterragem é a planície Utopia, no hemisfério norte de Marte, o mesmo sítio onde em 1976 aterrou o módulo Viking 2 da NASA. O local é considerado plano e vasto, coberto praticamente por material vulcânico modificado pelos congelamentos constantes, e que estudos afirmam mesmo que pode haver uma camada de permafrost debaixo da superfície. É referido que o local está a cerca de 200 quilómetros da cratera Jazero e até pode “avistar” o seu vizinho sendo de noite.

A missão científica do rover chinês

O Zhurong tem seis instrumentos a bordo, onde se incluem duas câmaras para mapear o terreno, sensores de análise química do solo e rochas, assim como um radar com capacidade de penetrar no terreno para procurar sinais de água congelada debaixo da superfície. Tem ainda uma estação meteorológica e um detetor de campos magnéticos.

tek Zhurong

E este último é referido como o mais inovador em relação aos veículos da NASA, sendo uma novidade para a ciência pois é o primeiro magnetómetro enviado para Marte. E vai procurar responder a questões como o que aconteceu ao planeta no passado, e porque é tão desolador. E os especialistas dizem que a medição das propriedades magnéticas das rochas podem ser a resposta.

As duas câmaras estão colocadas no mastro do rover para captar imagens das rochas enquanto se encontra estacionário. As fotografias serão utilizadas para ajudar a planear os percursos do veículo. Já a câmara multiespectral vai detetar os minerais presentes nessas rochas.

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