Por Nelson Pereira (*)

A tecnologia 5G está entre nós, trazendo consigo uma revolução no desempenho das redes de comunicação. A melhoria na largura de banda, na capacidade de dispositivos conectados e a redução da latência, fazem do 5G mais do que uma simples evolução das telecomunicações. Trata-se de uma infraestrutura habilitadora de tecnologias emergentes, como a Internet das Coisas (IoT), a análise de dados em tempo real, a inteligência artificial (IA) e o machine learning. Estes avanços abrem um vasto leque de oportunidades para a indústria, mas a verdadeira revolução está a acontecer no conceito de redes privadas 5G.

Podemos dizer que o 5G é a chave para acelerar a transformação digital em diversos setores verticais, como indústria, energia, transporte, logística ou entretenimento. Esta tecnologia fornece uma solução de comunicação robusta, que conecta dispositivos, máquinas e pessoas, permitindo a criação de novos casos de uso e de modelos de negócios inovadores. Por sua vez, as redes privadas 5G oferecem uma rede local de comunicações móveis dedicada exclusivamente a uma empresa, proporcionando um nível superior de segurança e privacidade.

Projeções indicam que o mercado de redes privadas 5G na Europa deverá alcançar receitas de 9,5 mil milhões de euros até 2030, com um crescimento anual médio de 50% no mercado europeu entre 2024 e 2030.

Comparadas a outras redes, como o Wi-Fi, as redes privadas 5G destacam-se pelo melhor desempenho, maior fiabilidade e mobilidade, assim como uma redução de latência, em grande parte graças à computação de ponta (Edge Computing). A flexibilidade e personalização destas redes resultam numa maior eficiência, redução de custos e facilidade na criação de novos casos de uso para indústrias verticais. Outra das suas vantagens passa por serem totalmente compatíveis com as redes existentes, facilitando a integração.

No entanto, a implementação de Redes privadas 5G não está isenta de desafios. Para implementar este tipo de redes, é essencial definir claramente os requisitos necessários para os casos de uso específicos das empresas. É crucial contar com um ecossistema robusto de atores e parceiros, incluindo fornecedores, integradores, operadores e start-ups, para superar a complexidade inicial e garantir uma relação custo-benefício positiva. Outro ponto fundamental é a disponibilidade de espectro e o uso de ferramentas simples, mas eficazes, para a gestão, automação das operações e monitorização da rede.

As redes privadas 5G abrem novos horizontes e oportunidades para empresas de diversos setores, permitindo-lhes terem as suas próprias redes 5G. Além disso, possibilitam a realização de novos casos de uso, como a produção avançada, automação, uso de robôs, drones ou a realidade aumentada. Estas redes não representam apenas um avanço tecnológico; elas atuam como um catalisador para o desenvolvimento de Cidades Inteligentes, para a criação de plataformas de infraestruturas críticas e para garantir comunicações em cenários de emergência ou em missões essenciais..

Resumindo, podemos dizer que as redes privadas 5G estão a consolidar-se como uma opção ideal para empresas industriais, devido à conectividade, automação, flexibilidade e a inovação que proporcionam. Com capacidade para transformar setores inteiros, estas redes representam o futuro da conectividade empresarial, oferecendo um caminho claro para a transformação digital e para a criação de novos modelos de negócios.

(*) responsável de telco e media da Minsait em Portugal (Indra Group)