A Anacom acaba de revelar o seu mais recente relatório sobre o impacto da pandemia de COVID-19 na utilização dos serviços de comunicação. A entidade reguladora destaca o grande aumento do tráfego de dados, da penetração dos serviços digitais over-the-top (OTT) e do tráfego de encomendas resultante da alteração de hábitos provocada pela crise de saúde pública.
De acordo com os dados, em 2020, o tráfego médio de dados fixos por acesso aumentou 55%. A entidade estima que, devido à pandemia de COVID-19, este tenha tido um incremento de 36,3% face à tendência histórica. “Caso não tivesse ocorrido a pandemia, estima-se que o crescimento teria sido de 19,3% em comparação com 2019”, enfatiza a Anacom.
O número de pessoas que utilizaram a Internet para telefonar ou fazer chamadas de vídeo através de OTT passou de 52,5% em 2019 para 70,5% em 2020. O documento detalha que a comunicação na área da educação através de websites (30,8%), a TV pela Internet (43,4%) e o envio de mensagens instantâneas (89,9%) foram outros dos serviços OTT com maior crescimento.
No que toca ao tráfego de encomendas, foi possível registar um aumento de 20%, uma mudança ao confinamento da população e do encerramento de estabelecimentos comerciais. Citando dados do Instituto nacional de estatística, a Anacom refere que, no ano passado, cerca de 45% dos indivíduos referiu ter utilizado o comércio eletrónico: o maior aumento registado até ao momento.
As categorias de «vestuário e calçado» (60%), «refeições entregues ao domicílio» (38%) e «computadores, tablets, telemóveis, equipamento informático complementar ou acessórios» (37%) foram os principais produtos físicos encomendados pela Internet, com os dois últimos a serem os que mais cresceram face a 2019.
O contexto de pandemia também causou um aumento das comunicações de voz tradicionais. O tráfego de voz móvel por acessos cresceu 16,4% em 2020, tendo aumentado 11,9% face à tendência histórica. Se a pandemia não tivesse ocorrido, o crescimento teria sido apenas de 6,0%.
Já o tráfego médio de voz fixa por acesso aumentou 7,0% e estima-se que a pandemia tenha levado a um crescimento de de 22,2% em comparação com a tendência histórica. A Anacom relembra que tráfego de voz fixa se encontrava em queda desde 2014 e que, fora de um cenário pandémico, o valor teria diminuído 12,2% face a 2019.
Em contraste, as alterações dos comportamentos resultantes da COVID-19 acentuaram a diminuição do tráfego de SMS, que já estava em queda dado ao surgimento de formas de comunicação alternativas.
Segundo a Anacom, o número total de acessos em local fixo não parece ter sido afetado pela pandemia. Porém, identificaram-se eventuais efeitos das medidas excecionais e extraordinárias: no segundo trimestre do ano passado registou-se uma desaceleração da tendência de queda do número de assinantes do serviço de distribuição de sinais de TV por subscrição suportados em TV por satélite (DTH) e ADSL.
O número de acessos móveis pós-pagos e híbridos registou uma ligeira diminuição nas primeiras seis semanas do período de pandemia, sendo mais acentuada no segmento não residencial. Os acessos móveis não residenciais diminuíram também durante o mês de agosto.
Também o número de utilizadores de Internet móvel registou um decréscimo em 2020, contrariando a tendência de crescimento que se vinha a verificar nos últimos anos. Devido à pandemia, estima-se que o número de utilizadores de Internet móvel tenha diminuído diminuiu 4,2% em 2020.
O tráfego de serviços postais também diminuiu 12,4% face ao ano anterior. A pandemia acabou por ter um efeito negativo de 9,8% neste tráfego durante o ano de 2020 e caso não tivesse ocorrido, o valor crescido 2,9%.
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