Altice rejeita proposta de compra dos ativos da SFR. Operadoras interessadas querem manter negociações

A proposta apresentada esta semana pela Bouygues Telecom, Free e Orange para a compra de grande parte dos ativos da SFR foi rejeitada pela Altice France. 

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Num memorando interno, Arthur Dreyfuss, CEO da Altice, confirma que a proposta não vinculativa foi recebida pela empresa, acrescentando que a mesma “foi imediatamente rejeitada”, avança a Reuters.

No entanto, as três operadoras querem continuar as negociações com investidores, incluindo com Patrick Drahi, fundador e dono do grupo Altice, para tentar fechar o negócio.

Ainda esta quarta-feira, Roland Lescure, ministro francês das Finanças, afirmou que vai estar “extremamente atento” ao negócio. “Vou estar atento a dois aspetos: ao impacto nos preços para os consumidores e à qualidade do serviço”, afirmou em entrevista à rádio francesa RTL.

Note-se que o governo francês é o maior acionista da Orange. Roland Lescure realçou também que a autoridade da concorrência francesa, que é independente do governo, fará o necessário para proteger os consumidores caso o negócio avance.

Como lembra a Reuters, os reguladores antitrust da União Europeia têm imposto medidas rigorosas no que respeita aos negócios no sector das telecomunicações, bloqueando até operações que reduziram o número de operadoras de quatro para três nos mercados nacionais para proteger a concorrência e evitar aumentos de preços.

Por outro lado, no ano passado, um relatório assinado por Mario Draghi, apelou aos reguladores para reverem a sua posição, defendendo que a mesma contribuiu para um sector demasiado fragmentado.

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A recomendação vai ao encontro de pedidos feitos por vários executivos do setor. Em junho, 20 líderes de empresas de telecomunicações, incluindo Ana Figueiredo da MEO, apelaram numa carta aberta a uma reforma no sector e uma estratégia ambiciosa para manter a competitividade global.

Atualmente, existem quatro operadoras no sector francês das telecomunicações, a Orange, SFR, Bouygues Telecom e Free, com a primeira a liderar um mercado que passou por várias transformações nas últimas décadas.

Recorde-se que o elevado nível de endividamento da Altice France empurrou o grupo para um processo de reestruturação e redução de custos, que decorre desde o início do ano. Este mês, a Altice concluiu uma reestruturação da dívida, que deixou Patrick Drahi no controlo de 55% da Altice France, com os restantes 45% a serem controlados pelos credores.

A proposta apresentada pela Bouygues Telecom, Free e Orange cobre as linhas de negócio B2B e B2C da Altice, infraestruturas de telecomunicações e frequências na França, avaliando os ativos totais da Altice France em 21 mil milhões de euros e as atividades visadas na proposta em 17 mil milhões.

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Ao que tudo indica, as operadoras pretendem comprar os ativos e dividi-los entre si. A distribuição beneficiará principalmente a Bouygues Telecom, que também será quem mais paga na operação (43%). A Free ficará com 30% do património da Altice (em valor) e a Orange com 27%.

Caso o negócio venha a avançar, os negócios da SFR no mercado de consumo serão distribuídos pelas três operadoras. As operações empresariais passam para a Bouygues Telecom e Iliad, com a Boygues a assumir sozinha a rede móvel da SFR em áreas com menor população.

Ao confirmar-se a possibilidade da compra, o negócio afigura-se complexo e estará sujeito a aprovações regulatórias. De acordo com o CEO da Bouygues Telecom, neste caso, o negócio só ficará concluido na segunda metade de 2027.

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