A Capgemini apresentou um estudo sobre o teletrabalho, destacando que durante o terceiro trimestre de 2020 a maioria das empresas (70%) registaram ganhos de produtividade acrescidos. Em contraste, destaca que 56% dos trabalhadores dizem-se impactados por um sentimento de obrigação de “estarem sempre ligados” e disponíveis.
O estudo “The Future of Work: From remote to hybrid” diz que para as empresas manterem os benefícios positivos obtidos pelo teletrabalho, assim como satisfazer as expetativas dos seus colaboradores, vão ter de encontrar um modelo de negócio que permita adotar uma abordagem híbrida mais equilibrada. O estudo sugere que os gestores precisam repensar a eficácia das suas estruturas atuais e acabar com “os silos e barreiras organizacionais que existem entre as suas equipas”.
No mesmo período, a produtividade dos trabalhadores aumentou em mais 63% graças à redução dos tempos de viagem, aos horários flexíveis e a adoção de ferramentas colaborativas virtuais. A área das TI e dos serviços digitais lideram os ganhos de produtividade (68%), seguidas pelo atendimento ao cliente (60%) e pelas vendas e marketing (59%). O crescimento deve-se sobretudo ao aceleramento da digitalização e da utilização de inteligência artificial.
A área que registou menos crescimento de produtividade foi a produção/fabrico, I&D, inovação e cadeia de abastecimento, já que requerem normalmente a presença física dos trabalhadores nas instalações.
Projetando o futuro, as empresas esperam obter um ganho total de produtividade de 17% nos próximos dois a três anos. E através do teletrabalho, as empresas pouparam cerca de 88% nas despesas com imobiliário em 2020, sendo que 92% espera realizar mais poupanças nos próximos dois anos. Ainda nesta projeção, 3 em cada 10 empresas acreditam que mais de 70% dos seus colaboradores vão manter-se em teletrabalho, considerando que antes da pandemia o rácio era de 10%. E 48% das empresas preveem que nas suas necessidades totais, da necessidade da presença física nas suas instalações, haja uma diminuição de pelo menos 10%.
Também 45% dos colaboradores esperam estar em modo de teletrabalho pelo menos três dias por semana no futuro. Ainda nas suas preocupações, os mais novos pedem que seja prestado maior apoio na gestão do stress que advém desta incerteza. O estudo levanta mesmo a questão se os ganhos de produtividade são sustentáveis a longo prazo através do modelo de trabalho híbrido.
O estudo indica que o nível de motivação dos novos colaboradores que começam a trabalhar em modo remoto é baixo e recebem pouco apoio das suas empresas. E por isso, 54% demonstrou que este cenário gerou alguma confusão e desorganização durante os primeiros dias de trabalho nas suas novas empresas. E 52% não sabem os valores e benefícios que a empresa lhes oferece. Por fim, 38% dos trabalhadores que já pertenciam à empresa tiveram dificuldade em colaborar com os recém-contratados.
A Capgemini salienta que as empresas que queiram evoluir para modelos de trabalho híbrido necessitam de criar vínculos mais estreitos e desenvolver um ambiente que dê maior confiança junto dos seus colaboradores. Como sugestões refere que as empresas devem repensar o modelo de recrutamento para permitir aos colaboradores trabalharem onde estiverem; redefinir a liderança e incentivar a autonomia, empatia e transparência; necessitam reinventar uma cultura de confiança no trabalho através de novos rituais coletivos; e criar uma infraestrutura digital mais fiável para dinamizar o trabalho que se tornou totalmente digital.
O estudo foi realizado entre setembro e outubro de 2020 a 500 empresas de todos os sectores de atividade a nível global, e com volumes de negócios anuais acima dos mil milhões de dólares. Foram entrevistados 5.000 funcionários e gestores de topo.
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