A designação de um CTO do Estado faz parte da estratégia que o Governo assumiu para a área de tecnologia ainda em julho deste ano, e que integra o Decreto-Lei que levou à reestruturação da Agência para a Modernização Administrativa (conhecida como AMA) e a transformação em Agência para a Reforma Tecnológica do Estado (ARTE).

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Os rumores da escolha ter já eram conhecidos desde que Manuel Dias deu conta da sua saída da Microsoft Portugal, onde ocupava o cargo de "National Technology Officer", ou Diretor de Tecnologia, mas foi confirmado pela decisão do Conselho de Ministros na reunião da última sexta feira, onde foi também aprovada a proposta de Orçamento do Estado para 2026 e a designação de Álvaro Santos Pereira como novo governador do Banco de Portugal.

Na conferência de imprensa, o Ministro da Presidência sublinhou que se trata de "uma posição chave no propósito, objetivo e caminho da reforma do Estado na sua vertente da digitalização", destacando a experiência e conhecimento de Manuel Dias, que assume o cargo de diretor de Sistemas e Tecnologias de Informação da Administração Pública, na ARTE – Agência para a Reforma Tecnológica.

Na mesma semana, Gonçalo Matias, ministro da Reforma do Estado, tinha partilhado, numa intervenção pública, que estaria por dias a nomeação do CTO do Governo, que classificou como "uma medida de maior importância".

O ministro adiantou que a figura do CTO "existe noutros países digitalmente mais avançados, como é o caso da Dinamarca" e que "é uma figura de maior importância porque garante que os sistemas do Estado funcionam como uma só voz, garante a horizontalidade da resposta do Estado e garante algo que é fundamental na resposta, que é a interoperabilidade".

Lembrou ainda que a criação de sistemas de interoperabilidade estava prevista há 11 anos, Gonçalo Matias admite que "só com esta figura com amplos poderes transversais é que a interoperabilidade vai ser possível". Referiu ainda que o atraso se deve à falta de  vontade política.

Até ao final do primeiro semestre do próximo ano o Governo está a preparar uma reestruturação profunda dos Ministérios, avaliando que organismos podem ser extintos ou fundidos, sendo que na área da ciência e tecnologia já houve movimentações, com a criação da Agência para a Reforma Tecnológica (ARTE) e alterações em organismos do Ministério da Ciência e Tecnologia, com a Fundação para a Ciência e Tecnologia e a Agência Nacional da Inovação (ANI) a serem integradas na nova Agência para a Investigação e Inovação.

"Vamos trazer o melhor que a tecnologia tem para nos oferecer e aqui pensamos nos vários processos tecnológicos, em particular na inteligência artificial", admitiu o ministro, que diz que não há nenhuma razão para a tecnologia não estar a ser utilizada na administração pública como acontece nas empresas privadas.

Uma parte significativa dos projetos que estão em desenvolvimento no PRR está a ser alocada para as áreas da tecnologia, com o reforço dos sistemas de informação e dos serviços online, o que pode também contribuir para os objetivos do Ministério da Reforma do Estado.

O secretário de Estado da Digitalização, Bernardo Correia tem sublinhado também a importância de investir nesta área e de ter "alguém que saiba, que tenha o respeito do setor público" , juntando a capacidade técnica com a capacidade de liderança.

Manuel Dias estava na Microsoft Portugal desde 2011, onde passou por vários cargos. Iniciou a carreira na EFACEC e passou pela Outsystems, sendo licenciado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico e mestre em Sistemas  de Informação pelo ISEG. É também professor na NOVA IMS e no IST, e é ainda co fundador e vice presidente da DSPA e da Power BI Portugal.

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