Em recuperação judicial desde 2016, a maior operadora de telecomunicações do Brasil Oi está a ser cobiçada pela Huawei, nos seus planos de desenvolvimento da rede 5G no país. Para tal, a fabricante chinesa conta com um parceiro conterrâneo, a China Mobile, numa parceria para entrar na disputa da aquisição da empresa, avança O Globo.
Segundo a publicação brasileira, a aquisição da Oi pretende evitar que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China afete os negócios da Huawei no Brasil, sobretudo na sua estratégia para a quinta geração móvel. O negócio beneficiaria também a China Mobile para entrar no mercado brasileiro, e sobretudo a Oi, que se encontra em dificuldades.
A própria China Mobile terá feito, há dois anos, uma sondagem para avaliar oportunidades, perspetivas e riscos de negócio com a operadora, embora não tenha seguido em frente. A razão pelo qual não tinha sido avançado dizia respeito a entraves quanto ao regulamento e dúvidas tributárias, questões atualmente superadas, o que voltou a atrair os chineses.
O que está a atrair o interesse das empresas chinesas é a rede de fibra ótica da Oi no Brasil, com 360 mil quilómetros, considerada a maior do país, sendo um ativo importante para a estratégia do 5G. A Huawei pretende ainda proteger os seus produtos no mercado brasileiro, de forma a evitar restrições semelhantes aos dos Estados Unidos, visto a proximidade dos respetivos presidentes Bolsonaro e Trump.
O Globo refere mesmo que a Huawei pretende ganhar a disputa para que a Oi não caia nas mãos de uma empresa americana. No entanto, se for adquirida pelos chineses, a presença da Huawei no Brasil seria demasiado grande para sofrer restrições. Na corrida constam ainda a TIM, Telefônica e AT&T.
De forma a mostrar às autoridades brasileiras o real interesse de investimento da Huawei, a gigante chinesa revelou os planos de construção de uma fábrica em São Paulo no próximo ano, num investimento de 800 milhões de dólares, para produção de dispositivos. E há uma manifestação de interesse do governo, tendo mesmo enviado uma comitiva de cinco senadores à China, para conhecer a fábrica da Huawei. Segundo O Globo, citando o senador Irajá Abreu, a fabricante estará mesmo disposta a “oferecer uma parceria com transferência de tecnologia”, comparando ao negócio da sueca Saab com os caças. Por outro lado, o governo brasileiro pretende acelerar o leilão do 5G, temendo ficar para trás na tecnologia.
Ainda não se sabe ao certo a estratégia global da Huawei para o 5G, enquanto se mantiver o empasse com o governo de Donald Trump, e sobretudo a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Ainda recentemente a fabricante chinesa manifestou-se mesmo aberta à venda de todos os seus ativos e tecnologia 5G num único pacote, de forma a criar um concorrente da gigante tecnologia, que poderá potenciar a sobrevivência da empresa…
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