A Honor é neste momento uma das empresas mais avançadas no desenvolvimento de smartphones dobráveis e o Honor Magic V3, anunciado na IFA, consegue a proeza de ser o mais fino do mercado, reduzindo a espessura a menos de 1 centímetro. Mas será que este é o formato que vai garantir a evolução futura dos smartphones?
Esta semana a Honor abriu portas da fábrica onde produz os equipamentos de topo de gama e do centro de inovação em Shenzen, onde a empresa tem a sua sede. Numa conversa com jornalistas de Portugal e Espanha, no edifício principal da empresa localizado na zona central da cidade, Robin Wu, gestor de produto global da marca, explicou a visão para o futuro do smartphone, que acredita que vai continuar a ser um produto central na próxima década.
Questionado pelo SAPO TEK sobre a possibilidade da empresa avançar com novos formatos, para além do dobrável em modo livro, o Magic V3 que já foi lançado na Europa, ou em formato de concha, com o Magic V Flip, Robin Wu diz que a empresa está a avançar com investigação interna em vários modelos. “O formato dobrável em ‘modo livro” pode não ser o destino final”, explica, adiantando que pode ser um ecrã enrolável ou deslizável, ou mesmo um wearable. “Estamos a trabalhar em inovação mas temos de garantir o retorno do investimento e os casos de uso para o utilizador”, justifica.
Para o executivo da Honor, os dobráveis em formato de concha, mais pequenos e normalmente designados de Flip, trazem mais desafios de engenharia e não é possível fazer tanta inovação como nos modelos maiores, os chamados “fold” em formato de livro. “Fizemos estudos e em 90% dos casos as pessoas precisam de abrir os dobráveis mais pequenos, e nos maiores, [em que o ecrã frontal é semelhante a um smartphone tradicional] isso só acontece em 50% dos casos”, afirma, lembrando que por isso precisam de ser mais resistentes. Também a bateria é um dos desafios a enfrentar, com os componentes a serem colocados num espaço mais pequeno. “Precisamos de mais tempo para ir para o próximo nível [nestes smartphones]”, justifica.
O formato de três ecrãs dobráveis que a Huawei lançou com o Mate XT também foi mencionado. “Perguntam-me porque não temos um modelo tri-fold. Não tem nenhuma dificuldade de engenharia, mas é um problema de custo e cenário de utilização”, reforça, admitindo que para a Honor não faz sentido investir milhões para vender 10 mil smartphones.
A empresa tem vindo a aposta no reforço da sua área de Investigação e Desenvolvimento desde que se separou da Huawei, em 2020. Nessa altura anunciou a sua fábrica inteligente, que o SAPO TEK visitou esta semana, e desenvolveu novos processos de fabrico e teste de equipamentos.
Os resultados têm-se feito sentir nos smartphones que a empresa está a lançar, em especial nos modelos de topo de gama Magic V3 e Magic 6, mas há muito mais equipamentos que a Honor mantém ainda apenas no mercado chinês e que ainda não chegaram à Europa, como pudemos constatar numa visita à loja da empresa em Shenzen.
Televisores, óculos destinados à projeção de conteúdos e mesmo o modelo dobrável Magic V Flip, são alguns dos exemplos. Também os computadores estão ainda fora do mercado ibérico, embora já sejam vendidos em outros países europeus.
Veja as imagens da loja e centro de demonstração da Honor em Shenzen
Robin Wu deixou claro que é tudo uma questão de tempo e que a Honor quer avançar com passos cautelosos. “Quando atingirmos maior market share nos smartphones podemos avançar”, explica, lembrando que os telemóveis são centrais na estratégia da empresa.
O responsável global de produto sublinhou também que a Honor não é uma marca nova no mercado, e que foi lançada em 2013 ainda com a Huawei. Em 2020, e depois do bloqueio da Huawei no mercado norte americano em 2019, a Honor foi vendida a um grupo de investidores que tem desenvolvido a empresa.
Este ano o objetivo é chegar ao top 3 de fabricantes na área dos dobráveis, nos mercados externos e Robin Wu sublinha a importância da Europa, Médio Oriente e Ásia Pacífico no desempenho de vendas. Questionado sobre o mercado norte americano, onde a Honor ainda não entrou, admite que é um mercado importante para todos os fabricantes mas perante as restrições [aplicadas à Huawei e a outros fabricantes chineses] diz que a Honor está a avançar com cuidado e com parceiros locais.
Uma IA que seja um “piloto automático” mas que pode ter custos
A aposta das empresas de smartphones na tecnologia de Inteligência Artificial foi também abordada na conversa e Robin Wu admite que é central na estratégia da Honor, e que está a trabalhar com parceiros como a Google em soluções que sejam úteis para os utilizadores.
“Não queremos que seja um ‘gimmick’ [um truque para atrair vendas]”, explica, deixando também claro que não pode ser só para ser usada por utilizadores avançados com conhecimento para escrever prompts. “Precisamos que o utilizador fale para o smartphone e dê instruções simples e sequenciais, para questões do dia a dia”, justifica. Por isso a Honor está a focar-se em cenários habituais e na IFA revelou um agente de IA que vai chegar ao Magic 7.
“Estamos a pensar em como usar a tecnologia da Google e combinar com a tecnologia da Honor”, adianta, explicando que vai funcionar de forma integrada no smartphone, em ligação com as várias aplicações. E entre os casos de uso refere a possibilidade de pedir um café ou de gerir as subscrições de serviços mensais de filmes e séries.
E esta funcionalidade será paga? “Nenhuma empresa vai perder a oportunidade de ganhar dinheiro com a IA”, afirmou em resposta ao SAPO TEK. O modelo de negócio ainda está a ser pensado e a Honor não definiu ainda como aplicar, mas Robin Wu deixou bem claro que esta é uma oportunidade incontornável de mudar o modelo de negócio.
Nota de Redação: O SAPO TEK viajou para Shenzen a convite da Honor
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