A pandemia de COVID-19 tem gerado problemas a nível global, não só de saúde pública, mas também com um grande impacto económico, tendo dificultado as operações das empresas, muitas a não conseguirem manter-se perante a situação atual.
Mas há outros problemas que as empresas nacionais antecipavam antes da pandemia, segundo o estudo “A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2020”, conduzido pela Marsh, especialista em consultoria de risco e corretagem de seguros. Este estudo foi realizado durante o mês de janeiro e início de fevereiro do ano, e por isso as preocupações profundas sobre os efeitos da pandemia ainda não se refletem muito no mesmo.
De acordo com o estudo, 55% das empresas portuguesas consideram os “ataques cibernéticos em grande escala” como principal risco que o mundo pode vir a enfrentar em 2020.
No pódio dos principais riscos estão ainda “eventos climáticos extremos”, respondido por 39% das empresas, surgindo em terceiro lugar as “crises fiscais e financeiras em economias chave”, com 37%. Por fim, surge em quarto lugar, com 32% questões relativas com “ataques terroristas em larga escala” e em quinto, “instabilidade social profunda”, com 26% de respostas dos inqueridos.
Para a realização deste estudo, a Marsh contou com a participação de 170 empresas portuguesas, pertencentes a 22 sectores de atividade, com diferentes volumes de faturação, bem como de número de colaboradores. Dentro das empresas respondentes, 81% não são cotadas em bolsa.
A especialista refere que ao analisar a evolução dos resultados ao longo dos últimos cinco anos, o risco “ataques cibernéticos em grande escala” surge em primeiro lugar desde 2018.
Já nos seus próprios desafios, os riscos que as empresas portuguesas receitam vir a enfrentar durante 2020, em primeiro surge também os “ataques cibernéticos”, com 56% das respostas. E esse efeito tem-se sentido durante a pandemia, com vários grupos de hackers a aproveitar-se do “pânico” generalizado para fazer ataques em Portugal. Os ataques feitos à EDP levaram os piratas informáticos a pedir resgate e a libertar informação interna da empresa na Dark Web, é um exemplo.
A “retenção de talentos” surge em segundo lugar, com 41% das respostas, e em terceiro, a “instabilidade política ou social”, com 40%. Seguem-se os “eventos climáticos extremos” com 35% e a “concorrência” com 24%.
Apesar do estudo ter sido realizado antes do isolamento da pandemia de COVID-19 em Portugal, já em janeiro 16% das empresas destacavam o risco de “pandemia/propagação rápida de doenças infeciosas” como um dos riscos que poderia afetar o mundo; e 6% responderam este risco como um próprio desafio a enfrentar.
Segundo Fernando Chaves, especialista de risco da Marsh Portugal, “Este nível de resposta é para nós bastante relevante, não só porque as respostas foram dadas numa altura em que o surto de COVID-19 estava ainda confinado ao território da China, mas especialmente porque entendemos a dificuldade de selecionar 5 riscos, entre muitos outros que podem ser igualmente relevantes e com maior probabilidade de se tornarem reais.”
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