O impacto da IA no futuro do trabalho foi um dos temas em destaque durante a terceira edição do Responsible AI Forum, organizada pelo Centro para a IA responsável, num painel que reuniu Ramayya Krishnan (Carnegie Mellon University), Pedro Santa Clara (Nova SBE e TUMO), Magda Cocco (VdA) e Joana Rafael (Sensei Tech).

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Apesar de todos os benefícios “prometidos” pela IA, é difícil de ficar indiferente aos impactos negativos da tecnologia no mundo do trabalho. Mas de quem é a responsabilidade de os mitigar? Pedro Santa Clara acredita que esta terá de ser uma responsabilidade partilhada entre indivíduos, empresas, mas também pelos governos, que têm um papel urgente neste “puzzle”.

A responsabilidade é fundamental, mas há um critério que o professor considera igualmente importante: a universalidade. “Existe um grande um grande ‘fosso’ entre os trabalhadores que usam IA e aqueles que não a usam. Se deixarmos para trás demasiadas pessoas estaremos a criar uma sociedade desarticulada”, realça.

O desafio está em desenvolver e implementar a tecnologia de maneira a assegurar uma maior equidade. Para isso é necessário garantir o “acesso universal a ferramentas de IA”, defende.

Preparar os trabalhadores para os novos desafios da era da IA é urgente, mas, como admite Pedro Santa Clara, o mundo da formação ainda está à procura de uma solução para uma questão preocupante: “temos de requalificar um terço da força de trabalho nos próximos cinco anos(...) não há uma instituição de ensino que esteja preparada para um desafio desta dimensão”.

Na visão do responsável, um dos grandes problemas é que “sabemos que estas pessoas precisam de ser requalificadas, mas não sabemos para que área: não sabemos as profissões que terão”. Nesse sentido, programas como o AI Dive, desenvolvido pela Escola 42, da qual também é diretor, querem fazer a diferença, numa formação de curta duração onde são apresentados desafios, relacionados com a implementação de IA em múltiplas áreas de negócios, que permitem ganhar uma nova perspetiva sobre a tecnologia e aprender de maneira mais prática e colaborativa.

Já Ramayya Krishnan detalha que é um desafio enumerar que competências específicas serão necessárias para cada área, uma vez que a intervenção nesses campos vai variar consoante as suas necessidades. Porém, existem duas capacidades fundamentais a longo prazo para os trabalhadores conseguirem “navegar” pela nova era da IA: saber “aprender a aprender” e ter pensamento crítico.

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Do lado do Governo, Bernardo Correia, secretário de Estado da Digitalização, já tinha defendido durante a sessão de abertura, que “a tecnologia é a chave para construir um futuro mais próspero”, de uma forma responsável, para que todos, enquanto sociedade, possam tirar partido dos benefícios gerados.

Segundo o secretário de Estado, “estamos num momento importante”, em que temos de fazer “escolhas ambiciosas” para assegurar o futuro do país, incluindo em campos como a IA, sabendo equilibrar inovação e risco.

Como destacado por Bernardo Correia, a IA afirma-se como um dos pilares da estratégia do Governo. A estratégia nacional para a IA está a ser finalizada, à qual se juntam ainda outras estratégias integradas nas metas da Reforma de Estado, em áreas como os centros de dados, mas também nas competências digitais.

O secretário de Estado acredita que Portugal tem “o talento, a visão e a maturidade” para liderar em IA na Europa e, para que esta visão se concretize, deixa um apelo de colaboração à comunidade de inovação, reforçando a necessidade de abrir a porta ao diálogo entre intervenientes para delinear políticas que promovam um ecossistema responsável e sustentável.

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