A Perplexity tem prometido para o próximo mês de maio o lançamento de um browser e numa entrevista este fim-de semana, o CEO da empresa explicou ao que vem e quais são os planos. A startup admite que o browser prestes a ser lançado pretende recolher dados sobre todos os movimentos online dos utilizadores. Intenções? As melhores, pelo menos para a empresa, que quer alicerçar um negócio de publicidade no navegador.

Como observou Aravind Srinivas na entrevista ao podcast TBPN, se a empresa conseguir criar um perfil detalhado de cada utilizador também vai conseguir entregar-lhe publicidade direcionada e alinhada com os seus interesses.

A Perplexity tem um chabot ao estilo ChatGPT que responde a perguntas nas mais diversas áreas, mas reconhece que são os detalhes sobre a vida dos utilizadores fora da app que lhe permitirá chegar a dados relevantes para conseguir personalizar a experiência de contacto com publicidade premium. “Esta é uma das razões que nos levou a querer construir um browser, o facto de quereremos reunir dados fora da nossa app para vos conhecermos melhor”, assumiu.

Na app, as perguntas dos utilizadores centram-se em temas profissionais, que não permitem compilar dados para criar relações de proximidade. “Por outro lado, saber o que compram, em que hotéis ficam, em que restaurantes comem, no que é que gastam tempo a navegar na web, diz-nos muito mais”.

O browser da Perplexity vai chamar-se Comet e deve ser lançado no mês de maio. Aravind Srinivas acredita que os utilizadores não vão levantar questões sobre a recolha de dados de perfil que a empresa pretende fazer.

Se o fizerem, pelo menos não será por nunca terem visto nada parecido, afinal foi assim que a Google começou e a mesma receita é usada por outros gigantes da internet, como a Meta, dona do Facebook. Os resultados são os que se conhecem. A publicidade online é a âncora dos negócios de ambas as gigantes da tecnologia.

Na verdade, os resultados desta combinação de dados pessoais e publicidade são tão avassaladores que têm feito disparar vários alarmes, sobre o poder que as empresas conseguem alcançar com a tecnologia e os recursos certos.

Na Europa, a legislação mais recente, como o Digital Services Act e o Digital Markets Act já impõe um conjunto de mecanismos para obrigar as empresas a estabelecerem limites e serem transparentes sobre estes temas.

Nos Estados Unidos, a Google enfrenta o maior processo da sua história, em termos de potencial impacto para o negócio, por causa das alegadas políticas anticoncorrenciais no mercado da publicidade online e da forma com a empresa usa a sua própria tecnologia de pesquisa para favorecer esse negócio.

A Perplexity é uma das startups de inteligência artificial generativa do momento e uma das principais concorrentes da OpenAI nessa área, outra interessada no mercado de pesquisas, incluindo através da compra do Chrome, se a Google o vender. Esta semana anunciou também uma parceria com a Motorola, que vai passar a incluir a tecnologia da marca nos smartphones Razr. Pode ser usada através da interface Moto AI escrevendo “pergunta à Perplexity”.

A Bloomberg avançou recentemente que a empresa está também a trabalhar numa parceria com a Samsung, que o CEO da companhia já tinha confirmado. Falta saber se as negociações vão dar resultados.