Os números dispararam nos últimos quatro anos, segundo os registos da Polícia Judiciária. Em 2019 foram feitas 40 denúncias por crimes sexuais online, em que as vítimas foram crianças. No ano passado, o número aumentou para 303. Um ano antes, em 2022, a quantidade de casos registados foi ainda mais expressiva, tendo-se fixado nos 356. Em 2024, e até setembro, a PJ tinha já recebido 202 denúncias deste tipo de crimes.
Os dados foram fornecidos ao Público, no âmbito de uma entrevista a Carlos Farinha, diretor nacional adjunto da PJ, explicando que a maior parte dos crimes acontece no telemóvel e ao início da noite, quando os jovens navegam na internet sem vigilância.
Parte dos crimes envolvem adolescentes, mas muitos acontecem também com crianças com idades entre os 8 e os 13 anos. Os números apurados, no entanto, referem-se a um universo de jovens maior, com idades até aos 17 anos, e representam dois terços do número total de vítimas de crimes sexuais denunciados em Portugal.
O responsável sugere que os pais reforcem a monitorização do uso do telemóvel pelos menores e impeçam que isso aconteça de forma isolada, sobretudo a partir do final do dia.
As denúncias de crimes sexuais online e de pornografia infantil têm vindo a aumentar e as condenações também. Nos últimos quatro anos foram condenados por estes crimes 437 pessoas.
Uma cooperação internacional mais eficaz e uma capacidade melhorada de rastreamento deste tipo de atividades online tem favorecido o trabalho das autoridades e a identificação dos autores destas práticas. Do lado das denúncias, o aumento dos números também reflete a maior consciencialização da sociedade para o problema, admitiu o diretor-adjunto da PJ.
Ainda na passada quinta-feira, a PJ fez mais uma detenção nesta área, a confirmar a importância da referida cooperação internacional nestes casos. Através da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica foi detido, em Lisboa, um homem "fortemente indiciado pela prática dos crimes de pornografia de menores", reincidente e já condenado a sete anos de prisão pela prática deste tipo de crimes.
A investigação que conduziu à detenção partiu da sinalização, por entidades internacionais, do envio de "ficheiros compatíveis com conteúdos de abuso e exploração sexual de menores". As autoridades portuguesas foram avisadas depois de ter sido detetado que o envio era feito a partir de acessos registados em Portugal.
A busca domiciliária realizada antes da detenção permitiu confirmar que o homem estava na posse de equipamentos informáticos com milhares de ficheiros compatíveis com conteúdos de abuso e exploração sexual de menores. Foram também apreendidas diversas bonecas sexuais infantis (childlike sex dolls) que pretendem reproduzir o corpo de crianças, incluindo bebés, de forma realista.
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