A inteligência artificial começa a chegar a todas as áreas da vida das pessoas e das empresas e mesmo que os resultados da utilização destas tecnologias ainda estejam na infância, os primeiros resultados e o potencial de transformação deixam claro que os tempos são de mudanças profundas.

É isso também que mostra a Bosch por estes dias em Berlim, no Bosch Connected World 2024, onde o tema domina as apresentações das dezenas de oradores que passam pelos dois dias do evento e a tecnologia está presente em quase todas as soluções mostradas na área de exposição, ocupada por diferentes empresas do grupo e 70 parceiros.

A mobilidade e a indústria são duas das áreas com maior destaque no evento, aos mais diversos níveis e com diferentes nuances, mas com um ponto comum. Nos carros como na indústria o software está a ocupar o centro das operações e é a partir da integração de várias camadas de software e diferentes serviços que as fábricas do futuro poderão ser verdadeiramente eficientes e que os carros de amanhã serão mais seguros e autónomos.

Uma das grandes mensagens que o grupo alemão quis passar no encontro diz que nenhuma das transformações tecnológicas que se avizinham neste momento podem ser vencidas a solo. As parcerias são fundamentais e foi esse ecossistema de parceiros que trouxe ao evento, para mostrar exemplos concretos.

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Na mobilidade nascem, por esta via, soluções que detetam se o condutor fala ao telemóvel enquanto conduz e lançam um alerta sonoro. Soluções que usam IA generativa para transformar texto em código e agilizar a criação de software para veículos, ou soluções que tiram partido de realidade virtual para testar, por exemplo, os desenvolvimentos que alinham cada veículo com as normas de segurança para os mais diversos componentes e fá-lo num ambiente de autoverso.

Ainda no domínio da mobilidade, a fabricante alemã também quis partilhar exemplos do compromisso com a segurança no veículo a outros níveis, com soluções que alertam o condutor se deixar uma criança sozinha no carro, ou que permitem fazer um contacto de emergência reconhecendo a língua de quem pede ajuda a partir do veículo e interagindo em linguagem natural e na mesma língua.

Este bot transmite o pedido de ajuda para um centro de atendimento que lhe dá seguimento, em 40% dos casos com sucesso. É uma novidade, que estará já a ser testada nos Estados Unidos por uma marca premium de automóveis e que levou ao palco principal do evento o parceiro envolvido, a Aleph Alpha. A start-up alemã recebeu no ano passado um investimento de 500 milhões de dólares da Bosch, SAP e HP e está a desenvolver grandes modelos de linguagem com uma visão centrada no papel imprescindível do humano para que estes modelos fundacionais de IA possam produzir resultados confiáveis, como explicou Jonas Andrulis, CEO. Acredita-se que pode vir a ser uma espécie de “OpenAI europeia”.

Mobilidade também é entretenimento e parceiros como a Skoda ou a chinesa Elejo, mostraram nos palcos do evento algumas das coisas que estão a ser feitas nesta área, envolvendo de alguma forma a tecnologia ou os sistemas da Bosch para o sector. A Skoda mostrou como se pode dinamizar uma comunidade de clientes através do metaverso, neste caso através do Skodaverso, e explicou algumas das iniciativas que por lá organiza, como test drives e outras.

Skodaverso
créditos: Skoda

A Elejo mostrou o Cockpit Inteligente XR que está a desenvolver e que vai levar diferentes tipos de conteúdos para dentro carro em ambientes de realidade virtual ou aumentada. Curiosidade: uma das tarefas do algoritmo que serve o sistema é identificar e compensar os movimentos da viagem para evitar que o utilizador enjoe enquanto desfruta dos conteúdos que vai ver com uns óculos de RA ou um headset de RV.

Das inovações para a indústria podem ver-se neste Bosch Connected World 2024 robots que ajudam a automatizar tarefas, softwares que redefiniram o trabalho no chão de fábrica, sistemas de sensores que recolhem os mais diversos tipos de informação, ou soluções de inteligência artificial que permitem usar esses dados de novas formas e com um potencial maior.

A Microsoft, por exemplo, mostrou ali como o Copilot pode ser usado para dar voz a uma máquina que está a debitar dados dos sensores que tem ligados para bancos de dados trabalhados com IA. Se for criado um chatbot da máquina é possível obter respostas diretas sobre todos os dados que ela consegue registar, mas também sobre um conjunto de informação à volta disso. Para que serve determinando parâmetro, quais são os valores de referência e outras informações, que podem trazer para aquelas funções mesmo quem não domine todos os aspetos do tema.

A Siemens partilhou exemplos do que é possível fazer hoje com software de simulação e ferramentas de IA, para pensar e testar tudo sobre um produto antes de o construir, incluindo o seu comportamento em ambiente real. Na área de exposição era possível ver um carro solar com uma aerodinâmica fora do normal, mas a simulação pode servir muitos fins e é isso que as duas companhias alemãs estão a explorar em conjunto.

Tanja Ruckert e Cedrik Neike, administradores da Bosch e da Siemens respetivamente, foram os mensageiros da visão das duas empresas, que partilham a convicção de que não podem criar sozinhas o “metaverso industrial” que as empresas precisam para transformar as suas linhas de produção. Foi para responder a esse desafio que uniram esforços e alinharam agulhas para fornecer soluções industriais de design e instalação simplificada, com a expertise da Siemens na área dos gémeos digitais, que possam também ajudar as empresas a maximizar a produtividade e minimizar os tempos de paragens, com o conhecimento e tecnologia da Bosch na área da sensorização e com os dados que daí resultam para otimizar a produção e manutenção.

Também o tema da indústria subiu ao palco dos debates para dar nota de outros exemplos de parcerias importantes, como a parceria com a Siemens, detalhada por Tanja Ruckert e Cedrik Neike, administradores da Bosch e da Siemens, respetivamente. As duas empresas alemãs acreditam que sozinhas não conseguirão criar o “metaverso industrial” que as empresas precisam para transformar as suas linhas de produção e por isso uniram esforços. Alinharam agulhas para fornecer soluções de design e instalação simplificada com a expertise da Siemens na área dos gémeos digitais e ajudar as empresas a maximizar a produtividade e minimizar os tempos de paragens com o conhecimento e tecnologia da Bosch na área da sensorização e com os dados que daí resultam para otimizar a produção e manutenção.

Pelo Bosch Connected World devem passar 12 mil participantes, 3.200 no local e os restantes a acompanhar a emissão online. O evento encerra esta quinta-feira com uma sessão onde participa Elon Musk, fundador da Tesla.

Nota de redação [1/3/24 8:40]: A notícia foi atualizada com mais informação do evento, recolhida pelo SAPOTek no local, onde esteve a convite da Bosch.