Segundo a Gartner, especialista no estudo de mercado tecnológico, o aumento da inflação, assim como os maiores custos de energia e combustíveis, vai afetar as prioridades dos consumidores na aquisição de produtos eletrónicos, como smartphones e PCs. Como consequência, prevê um abrandamento na venda de semicondutores durante 2022 e uma quebra de 2,5% durante o próximo ano.

A sua previsão para 2022 foi ajustada, esperando-se que as receitas globais geradas pelos semicondutores cresçam 7,4%, num total de 639,2 mil milhões de dólares. Anteriormente, a Gartner previa um crescimento de 13,6%, ainda assim metade do registado em 2021, de 26,3%. Para o próximo ano, a previsão das receitas é 623,1 mil milhões de dólares.

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Em declarações à Reuters, o vice-presidente da Gartner, Richard Gordon, afirmou mesmo que a realidade do próximo ano poderá ser facilmente bem pior que as previsões avançadas, para depois começar a recuperação do mercado em 2024.

Durante a pandemia, a necessidade de PCs e smartphones para o teletrabalho e ensino em casa levaram a uma grande procura, causando uma saturação das fábricas. A falta de componentes afetou todas as indústrias dependentes de componentes eletrónicos. A situação inverteu-se um pouco em 2022, com uma quebra na procura e nas vendas de smartphones. A Gartner prevê que a distribuição de smartphones tenha uma quebra de 1,46 mil milhões de unidades, uma visão mais positiva dos 1,57 mil milhões projetados inicialmente.

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Richard Gordon explica que quando milhões de smartphones são retirados do mercado, este faz uma reviravolta havendo uma inundação de equipamentos, levando à quebra abrupta do preço dos chips.

A instabilidade no mercado dos semicondutores está prevista até 2024, pelo menos. A Intel já tinha referido que a crise dos chips estava a afetar o próprio equipamento de produção. Essas ferramentas-chave são essenciais para aumentar os níveis de capacidade necessários à elevada procura. A empresa estimava anteriormente que a crise durasse até 2023, mas os desafios encontrados pelas fábricas para acelerar a produção vão prolongar a escassez dos componentes.

Ao todo, a Intel planeia investir 80 mil milhões de euros na União Europeia nos próximos 10 anos, na investigação e desenvolvimento da indústria de semicondutores. A tecnológica vai construir uma fábrica na Alemanha por 17 mil milhões de euros. O investimento da Intel na Europa assume-se como uma estratégia da União Europeia para diminuir a dependência dos fornecedores asiáticos.