A computação avançada é uma das áreas em que Portugal quer estar na “linha da frente”, fazendo parte do Plano de Ação para a Transição Digital. Aí, a estratégia nacional traçada pela Iniciativa Nacional Competências Digitais (INCoDe.2030) enquadra-se num conjunto de medidas organizadas por seis catalisadores da transição digital do país, encontrando-se, à semelhança da Inteligência Artificial, na área das tecnologias disruptivas.
Tendo em conta os objetivos traçados na estratégia Advanced Computing Portugal 2030, a Fundação Portuguesa para a Ciência e a Tecnologia (FCT) assinou em novembro um protocolo de cooperação com a Universidade de Aveiro, a de Trás-os-Montes e Alto Douro e com a da Beira do Interior para a criação de três Centros de Competências em Computação Avançada.
A iniciativa, que decorre em paralelo com o upgrade de redes internas do projeto RTCS 100, prevê também a abertura de mais três centros localizados na Universidade do Algarve, de Lisboa e do Porto até 2021.
Dotados de software e hardware de visualização de última geração, os centros, cuja instalação está prevista para o primeiro semestre do próximo ano, têm em vista o reforço da capacidade de recursos, acessos e produção científica nacional em matéria de competências digitais avançadas, IA e big data, permitindo uma maior aproximação por parte de grupos de investigação e empresas.
Como é que os centros funcionarão, como uma “porta de entrada” para os quatro centros de Supercomputação que existem em Portugal? Ao SAPO TEK, Nuno Feixa Rodrigues, Coordenador da INCoDe.2030 e vogal da FCT, explica que há um conjunto de funções importantes que os centros vão desempenhar, “desde logo porque estão em instituições que têm uma ligação de alto ou altíssimo débito de rede de dados que liga aos centros operacionais”.
O responsável detalha que além de os centros providenciarem um acesso físico do ponto de vista de comunicações, funcionarão como uma espécie de “via verde” a nível administrativo. Uma vez que fazem parte da Rede Nacional de Computação Avançada, vão poder “dialogar diretamente com os coordenadores operacionais”, transmitindo as suas necessidades locais.
O coordenador do INCoDe.2030 recorda que os quatro centros de computação avançada gerem recursos vastos, tendo a sua própria estrutura organizacional e fazendo ainda investimentos que têm em vista o aumento da sua capacidade computacional. Ao ouvir os centros de competências, poderão “perceber como é que devem evoluir para melhor servir esta comunidade de utilizadores”.
A proximidade é uma prioridade
“Temos uma capacidade instalada de computação avançada, nomeadamente de supercomputação, relativamente limitada em Portugal”, afirma Nuno Feixa Rodrigues. Por um lado, é verdade que o país tem vindo a investir cada vez mais nesta área, em especial, desde a entrada em funcionamento do supercomputador BOB e com a vinda do Deucalion marcada para 2021 no Minho Advanced Computing Centre (MACC), destaca o responsável.
Mas, por outro, o coordenador do INCoDe.2030 indica que se antes “não tínhamos essa capacidade instalada em Portugal, não temos também muitos centros ou grupos de investigação usem esse tipo de recursos, nem tão pouco empresas que os usem significativamente para o desenvolvimento de produtos e serviços”.
Assim, os centros de competências assumem a missão de dialogar com grupos de investigação e empresas e de serem um “ponto de apoio direto”, servindo como uma entidade “a quem podem recorrer numa lógica de proximidade dentro das regiões para vir a incorporar, muitas vezes, até numa primeira fase, para tirar dúvidas, para auscultar, apresentar aquilo que são as suas atividades e ver que formas é que a computação avançada pode contribuir”.
No fundo, Nuno Feixa Rodrigues elucida que a evolução de todo o processo será medida pela “pela quantidade de instituições que vamos ter e de projetos que a computação avançada vai conseguir alavancar”, sendo o objetivo criar novas cadeias de valor acrescentado e melhorar as que já existem.
Em linha com o crescimento do mundo digital, um processo que se acelerou ainda mais com o contexto da pandemia de COVID-19, o ecossistema da computação avançada está a evoluir, abrindo o número de oportunidades a nível de empreendedorismo.
De acordo com o coordenador do INCoDe.2030, os centros de competências ajudarão também a identificar as novas oportunidades que vão surgindo, fazendo com que as universidades e polos de investigação, em articulação com empresas, possam explorá-las.
Fazendo justiça ao seu nome, os centros serão essenciais para assegurar a “preparação e qualificação das pessoas para trabalharem com o ecossistema da computação avançada”, sublinha Nuno Feixa Rodrigues, recordando a escassez de competências que existe a nível mundial.
Além de estarem ligados entre si, os centros terão ligações a nível internacional com entidades como a Rede Ibérica de Computação Avançada (RICA). “Aí interessa-nos explorar o intercâmbio de investigadores e de técnicos para criar, no fundo, redes de formação e de ensino que nos possam ajudar a qualificar as pessoas para virem a trabalhar depois nestas áreas e nos diferentes domínios que todo o ecossistema envolve”.
Recorde-se que, como já tinha sido mencionado pela FCT, num futuro próximo, os seis centros de competências em computação avançada receberão um “boost” por parte do projeto europeu EuroCC, que faz parte do programa de financiamento do Horizonte 2020.
A perspetiva para o futuro é de expansão e o responsável revela que abrir mais centros um pouco por todo país está definitivamente nos planos até 2030, surgindo “à medida que que os demais elementos da estratégia vão sendo implementados”: desde “a abertura de novos concursos envolvendo recursos de computação avançada” ao “reforço da capacidade nacional de recursos computacionais”, sem esquecer a “promoção de projetos empreendedores que explorem as diversas oportunidades que surgem na rápida expansão que do ecossistema”.
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