O BlueWalker 3 faz parte dos planos da norte-americana AST SpaceMobile para construir uma constelação de satélites de comunicação. O protótipo de satélite fez parte de uma recente experiência que ligou Espanha a uma zona remota do Havai numa chamada com um smartphone convencional, mas o projeto está a levantar preocupação junto dos astrónomos por outros motivos.
Um estudo publicado na revista científica Nature, baseado numa compilação de observações feitas em países como Chile, Estados Unidos, México e Nova Zelândia, alerta que o BlueWalker 3 é tão brilhante quanto Prócion e Achernar, duas das estrelas mais brilhantes no céu noturno.
Clique nas imagens para ver o BlueWalker 3 com mais detalhe
De acordo com a AST SpaceMobile, o BlueWalker 3, que foi lançado para o Espaço em setembro de 2022, tem uma antena principal com uma dimensão de 64 metros quadrados e é apenas o primeiro de quase 100 satélites que a empresa tenciona enviar para o Espaço para construir a sua constelação.
O brilho do satélite é mais intenso do que se esperava. Segundo as observações dos investigadores, pouco tempo depois da chegada ao Espaço, o BlueWalker 3 apresentava uma magnitude de 1, que o tornava mais brilhante do que a estrela Polar.
O brilho diminuiu em dezembro do ano passado, mas voltou a aumentar e, segundo observações feitas em abril deste ano, que pode ver no vídeo que se segue, a magnitude era de 0,4.
Veja o vídeo
A equipa de investigadores realça que o brilho do BlueWalker 3 pode ameaçar seriamente as observações astronómicas feitas a partir da Terra. Os especialistas afirmam que as empresas responsáveis por projetos semelhantes devem avaliar o impacto que os seus satélites podem ter antes de os lançarem para o Espaço e tomar medidas para o mitigar caso já estejam em órbita.
Recorde-se que, anteriormente, a comunidade científica já tinha alertado para o impacto de constelações de satélites, como as da SpaceX ou OneWeb, para as observações astronómicas.
Por exemplo, em janeiro do ano passado, um estudo mostrou que 5.301 “comboios” de satélites Starlink apareceram em imagens captadas pelo observatório Zwicky Transient Facility (ZTF), nos Estados Unidos, entre novembro de 2019 e setembro de 2021.
Os investigadores preveem que a maioria das imagens captadas pelo ZTF, em particular ao amanhecer ou anoitecer. contenham pelo menos um "comboio" de satélites quando a constelação Starlink chegar a 10.000 satélites, objetivo previsto para 2027 pela empresa de Elon Musk.
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