Em 2023, a temperatura da superfície do mar atingiu níveis recorde em todo o mundo, por vários meses, numa situação impulsionada pelo aquecimento global causado pela ação humana ao longo de décadas, e pelo regresso do fenómeno climático natural El Niño. Em algumas regiões, como os mares em redor da Flórida, Cuba e Bahamas, houve sérias implicações para a saúde dos recifes de coral.
Os corais crescem dentro de uma faixa reduzida de temperaturas e ficam stressados quando a água está muito quente ou muito fria. Isso leva a um fenómeno de branqueamento, quando os corais expulsam as algas que habitam neles, perdendo a sua cor. Num caso de branqueamento extremo, um recife pode ficar vulnerável à fome e a doenças ou mesmo morrer.
Dados de satélite confirmaram o aumento significativo no chamado stress térmico, em sintonia com as observações que já tinham sido feitas por mergulhadores nas Florida Keys, e que indicavam que a onda de calor marinha no verão de 2023 levou a um branqueamento generalizado dos recifes.
A ESA partilha uma animação que mostra a evolução do stress térmico de julho a setembro de 2023, mostrando que muitas áreas já tinham ultrapassado os limites críticos.
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A agência espacial europeia explica que quando o stress térmico acumulado atinge um valor de 4, há probabilidade de branqueamento significativo dos corais. Em valores de 8, é provável a mortalidade generalizada, e passa de aviso para nível 1 de alerta. Em agosto, os valores em grande parte da região já estavam muito acima desse limite, atingindo um recorde alarmante de 22°C-semanas até o final de setembro.
Os primeiros sinais de branqueamento de corais foram observados já em julho, com áreas de recifes de coral próximas às Florida Keys, Cuba e Bahamas a serem particularmente afetadas. Embora o furacão Idalia, em agosto, tenha ajudado a arrefecer a superfície das águas temporariamente, a situação manteve-se crítica.
Chegados a meados de outubro, as águas em redor das Florida Keys permanecem sob alerta de branqueamento. Mais ao sul, próximo de Cuba e das Bahamas estão no nível 2 de alerta de branqueamento, o mais alto da escala, apontando para um risco de branqueamento grave e mortalidade dos corais.
A comunidade científica tem vindo a alertar para as consequências a longo prazo do aquecimento global, nomeadamente no que diz respeito à agua do mar. O National Snow and Ice Data Center, um centro de informação dos Estados Unidos da América que apoia a investigação polar e criosférica, destacou recentemente que os níveis de gelo marinho na Antártida estão muito abaixo de qualquer valor anteriormente registado, tendo atingido um mínimo recorde em meados de setembro.
O nível de água que congela na superfície do mar na Antártida já tinha atingido mínimos recordes pelo menos duas vezes em 2023, depois de o mesmo ter acontecido em 2017 e 2022.
Outros dados da NASA dão conta que os meses de junho, julho e agosto - de verão no Hemisfério Norte -, foram 0,23 graus Celsius (ºC) mais quentes do que em qualquer outro verão e 1,2ºC mais quentes do que o verão médio entre 1951 e 1980. Os cientistas concluíram que só o mês de agosto foi 1,2ºC mais quente do que a média.
Este novo recorde surge num momento em que um calor excecional varreu grande parte do mundo, sendo agravado com incêndios florestais mortais no Canadá e no Havai e ondas de calor na América do Sul, Japão, Europa e Estados Unidos, que contribuíram simultaneamente para a ocorrência de chuvas fortes em Itália, Grécia e Europa Central.
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