Donald Trump assinou na passada sexta-feira uma ordem executiva que suspende a entrada de refugiados em território norte-americano durante 120 dias e impõe um controlo mais apertado aos viajantes procedentes de países árabes como o Iémen, o Irão, o Iraque, Líbia, Síria e Somália.

Para o presidente norte-americano, "tudo está a funcionar muito bem". Com vários passageiros a serem impedidos de embarcar em voos com destino aos Estados Unidos, despoletando vários protestos em aeroportos locais, como o JFK, em Los Angeles, Trump reagiu à imprensa, numa declaração oficial, dizendo que está a criar novas medidas de controlo "para manter os terroristas islâmicos radicais fora dos Estados Unidos. "Nós não os queremos cá", afirmou.

Sillicon Valley, por sua vez, não parece estar de acordo. Juntando-se ao debate através do Twitter, do Facebook e de comunicados oficiais, os CEOs das gigantes tecnológicas têm-se oposto, na sua quase totalidade, às decisões tomadas pelo seu chefe de Estado. Esta, em particular, tem gerado respostas mais apaixonadas e a criação de iniciativas que vão correr em auxílio daqueles que o presidente dos Estados Unidos quer deixar fora das fronteiras.

Lyft
A concorrente da Uber anunciou que vai angariar e doar 1 milhão de dólares à União Americana pelas Liberdades Civis durante os próximos quatro anos.

Em declarações ao Recode, o CEO Logan Green falou em nome da empresa quando afirmou que "impedir pessoas de uma religião em particular de entrar nos Estados Unidos é anti-ético no âmbito dos valores da Lyft e da nossa própria nação".

Google
Depois de Sundar Pichai ordenar o regresso de mais de 100 funcionários da Google que se encontravam em viagens de trabalho, o CEO da gigante tecnológica afirmou que a empresa "está preocupada com o impacto desta e quaisquer outras ordens que possam impor restrições aos Googlers e às suas famílias". À Bloomberg, Pichai admitiu que "é doloroso assistir aos impactos que esta ordem executiva tem nos nossos colegas".

Noutras medidas, a imprensa internacional avança ainda que a empresa criou um fundo de 2 milhões de dólares que será utilizado para apoiar a União Americana pelas Liberdades Civis, o Centro de Recursos Legais para Imigrantes, o Comité Internacional de Resgate e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Netflix
"As ações de Trump estão a prejudicar os funcionários da Netflix em todo o mundo e são tão pouco Americanas que nos magoam a todos", escreveu o CEO da plataforma de entretenimento, no Facebook, acrescentando que "estas ações vão tornar a América menos segura (através do ódio e da perda de aliados) em vez de mais segura".

Slack
Em vários tweets publicados através da sua conta, Stewart Butterfield, CEO da tecnológica, mostrou desagrado para com as decisões até agora tomadas pelo presidente Donald Trump. As mensagens podem ser lidas através deste link.

Apple
Tim Cook remeteu uma mensagem interna a todos os seus funcionários, afirmando que esta "não é uma política apoiada pela empresa" e que a própria Apple já comunicou o seu desagrado à Casa Branca.

Twitter
Jack Dorsey, CEO da rede social preferida de Trump, sublinhou que o impacto desta medida é "real e perturbador". Na conta oficial da empresa, o Twitter disse estar do lado dos "migrantes de todas as religiões".

Intel
A multinacional de circuitos integrados afirmou que já está a acompanhar os casos dos funcionários afetados pela medida e recordou a história da empresa cuja fundação deve-se, em parte, a um imigrante.

Amazon
A empresa ofereceu planos de contingência a todos os empregados afetados e afirmou que, "desde o princípio, a Amazon manteve-se comprometida com a igualdade de direitos, a tolerância e a diversidade" através da vice-presidente dos recursos humanos, Beth Galetti. "À medida que crescemos como empresa, temos trabalhado para atrair pessoas talentosas de todo o mundo e acreditamos que isso é um dos fatores que torna a Amazon numa excelente empresa - uma força de trabalho diversificada que nos ajuda a construir produtos cada vez melhores para os nossos consumidores".

Airbnb
A plataforma de aluguer de casas prometeu alojamento gratuito a todos os que forem impedidos de viajar para os Estados Unidos.

Tesla
Elon Musk, CEO da fabricante automóvel, disse que "muitas das pessoas que estão a ser negativamente afetadas por esta política são fortes apoiantes dos Estados Unidos". Num tweet, Musk escreveu ainda que "elas fizeram coisas certas, não erradas e [por isso] não merecem ser rejeitadas".

Microsoft
A gigante tecnológica caracterizou as restrições anti-imigração como sendo uma medida "mal orientada" um "passo atrás muito substancial". Aos empregados afetados, a empresa garantiu total apoio.

Facebook
Mark Zuckerberg afirmou estar preocupado com as ordens executivas de Donald Trump e acrescentou que os Estados Unidos "deveriam manter as portas abertas a refugiados e todos os outros que precisarem de ajuda" numa publicação feita no seu Facebook oficial.

Uber
A empresa de transporte privado já garantiu apoio a todos os motoristas norte-americanos presos noutros países. "Esta restrição vai impactar muitas pessoas inocentes - uma questão que eu irei levantar na próxima sexta-feira quando for a Washington para participar na primeira reunião de conselheiros de negócios do presidente Trump", escreveu o CEO Travis Kalanick numa publicação feita no Facebook.

Inicialmente, a empresa foi altamente criticada por aproveitar um protesto organizado pelos taxistas que operavam junto do aeroporto JFK e que não aceitaram qualquer serviço durante uma hora, para lucrar através da supressão do sistema de aumento de preços aquando do aumento de pedidos. Em resposta, Kalanick comunicou a criação de um fundo de 3 milhões de dólares que servirá para sustentar equipas legais que poderão ser requisitadas por motoristas afetados.