Há 60 anos que o Observatório Europeu do Sul (ESO) ajuda cientistas de todo o mundo na descoberta dos segredos do universo e para assinalar a data, nada como uma nova imagem para ilustrar a beleza sem fim dos “fenómenos” astronómicos que nos rodeiam.
Na imagem escolhida para assinalar o 60º aniversário do ESO, capturada no início deste ano com o Very Large Telescope (VLT), é possível ver o pilar de sete anos-luz de comprimento da Nebulosa do Cone, que pertence a uma região de formação estelar maior, a NGC 2264, descoberta no final do século XVIII pelos astrónomos William Herschel.
No céu, encontramos esta nebulosa em forma de chifre na constelação do Unicórnio, o que, curiosamente, não deixa de ser um nome muito apropriado.
Situada a menos de 2.500 anos-luz de distância, a Nebulosa do Cone está relativamente perto da Terra, sendo por isso um objeto bem estudado. No entanto, o ESO apresenta esta imagem como “a mais dramática que qualquer outra obtida anteriormente”, já que mostra uma aparência nebulosa, escura e impenetrável, fazendo lembrar uma criatura mitológica ou monstruosa.
A Nebulosa do Cone é um exemplo perfeito das formas em pilar que se desenvolvem em nuvens gigantescas de gás molecular frio e poeira, conhecidas por formarem novas estrelas. Este tipo de pilar ocorre quando estrelas azuis brilhantes massivas recém-formadas libertam ventos estelares e radiação ultravioleta intensa, que varre o material da sua vizinhança. À medida que este material é empurrado, o gás e a poeira que se encontram mais longe destas estrelas jovens vai-se comprimindo, dando origem a pilares densos e escuros. Este processo ajudou a criar a Nebulosa do Cone, cujo pilar aponta na direção oposta das estrelas brilhantes existentes na NGC 2264.
A nova imagem, obtida com o instrumento FORS2 (FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph 2) montado no VLT do ESO no Chile, o hidrogénio gasoso está representado a azul e o enxofre a vermelho. O uso destes filtros faz com que as estrelas, que seriam doutro modo azuis brilhantes e indicam a recente formação estelar, apareçam quase douradas, contrastando com o cone escuro como faíscas brilhantes.
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Este é apenas um exemplo das muitas observações extraordinárias que os telescópios do ESO têm feito ao longo de 60 anos. Apesar desta imagem ter sido obtida para efeitos de divulgação, a maior parte do tempo de observação dos telescópios do ESO é dedicado a observações científicas que permitiram capturar a primeira imagem de um exoplaneta, estudar o buraco negro no centro da nossa Galáxia e encontrar provas de que a expansão do Universo está a acelerar.
A imagem da Nebulosa do Cone foi criada no âmbito do programa Jóias Cósmicas do ESO, uma iniciativa que visa obter imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atrativos, utilizando os telescópios do ESO, para efeitos de educação e divulgação científica. O programa utiliza tempo de telescópio que não pode ser usado em observações científicas. Todos os dados obtidos podem ter igualmente interesse científico e são por isso postos à disposição dos astrónomos através do arquivo científico do ESO.
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Refira-se que o ESO foi criado oficialmente no dia 5 de outubro de 1962, com a assinatura de uma convenção por cinco países. Agora, seis décadas mais tarde e apoiado por 16 Estados-membros e parceiros estratégicos, incluindo Portugal, o ESO junta cientistas e engenheiros do mundo inteiro para desenvolver e operar observatórios terrestres de vanguarda, no Chile, que nos ajudam a fazer descobertas astronómicas revolucionárias.
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