“Quando surgiu o hype á volta da Inteligência Artificial generativa quisemos chamar à nossa responsabilidade desenvolver um projeto que ajudasse o ecossistema a adotar, beneficiar e utilizar a tecnologia que tem múltiplas aplicações e benefícios”, explicou Fernando Matos, presidente da DSPA (Data Science Portuguese Association), em entrevista ao SAPO TEK.
Esta é a primeira certificação em IA Generativa desenvolvida em Portugal e foi criada pela internamente pela DSPA, num esforço conjunto entre os membros e associados, e conta com a parceria da Microsoft mas é independente em termos de tecnologia. O primeiro passo foi criar os conteúdos de informação sobre a IA Generativa e depois surgiu a ideia de evoluir para uma certificação que servisse os profissionais de diferentes áreas e não fosse exclusiva para profissionais de tecnologia.
A DSPA já tem um modelo de certificação para Data Science, com níveis diferentes, um básico, fundacional, e um intermédio, seguido de um mais avançado que ainda está em preparação. “Pensámos na certificação quando percebemos que existia confusão sobre o que é Data Science”, justifica Fernando Matos que sublinha o papel da associação na literacia e até na criação de standards na ciência de dados, defendendo que a certificação é uma forma de atestar competências.
A nova certificação em IA Generativa já está a funcionar e é acessível a todas as pessoas que queiram aprofundar o conhecimento nesta área. Foi desenvolvido conteúdo informativo e quizes que estão disponíveis na app DSPA Playbook para que os utilizadores possam testar o conhecimento antes de avançarem para o exame.
Os temas incidem nas áreas de Learning Language Models, Prompt Engineering, Use Cases de IA Generativa em diferentes setores, Responsible AI e ainda o impacto da IA Generativa na sociedade, um conjunto de temas que permitem ir além da informação básica que muitas vezes está acessível.
O teste final tem 80 perguntas e uma duração de 90 minutos, e é pago, custando 90 euros, com desconto de 20% para os associados da DSPA. Quem concluir com sucesso o exame tem direito à certificação. 85 candidatos já iniciaram o processo e 15 pessoas realizaram o exame com a certificação completa.
“A certificação foi pensada para todas as pessoas que querem saber mais e certificar conhecimentos em IA generativa”, explica Fernando Matos, adiantando que induz a um compromisso, porque uma coisa é ler informação e outra fazer um exame com perguntas onde tem de solidificar conhecimento.
“Com a certificação vai sair um profissional mais qualificado e que vai tirar mais partido da tecnologia”, sublinha Fernando Matos.
Quem tiver interesse em aprofundar pode depois procurar certificação específica nas várias tecnologias e existem já vários cursos online nesta área, assim como formação graduada que está a ser desenvolvida.
Mesmo assim Fernando Matos admite que esta é uma certificação que não terá validade a nível internacional. “Não temos a veleidade de internacionalizar as certificações, somos uma associação sem fins lucrativos, com um papel no ecossistema português”.
Em relação ao ecossistema português de Inteligência artificial, e especificamente de IA generativa, o presidente da DSPA reconhece que “há uma diferença gigante em estágio de desenvolvimento entre diferentes organizações, no mesmo sector e em dimensões semelhantes”. Algumas estão muito avançadas, ao melhor nível da tecnologia mundial, outras ainda estão a começar e há também as que têm um desconhecimento total, e que estão a passar ao lado do potencial.
Para Fernando Matos este é o principal desafio. A aposta das organizações ainda não é muito estruturada e era importante fazer uma reflexão para perceberem, do ponto de vista do seu negócio, do que podem beneficiar. “Na prática assistente pessoal com esteróides que pode fazer mutia coisa, mas só fará bem se soubermos o que procuramos”.
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