O investigador e professor Rodrigo Martins é esta sexta-feira empossado como presidente da Academia Europeia de Ciências, na primeira vez em que um português assume tal cargo. Dos objetivos para o mandato de quatro anos fazem parte a abertura da instituição aos cientistas mais jovens e aos cidadãos e a promoção do diálogo entre as diferentes academias e sociedades científicas

"Quero uma academia aberta ao mundo, apta a responder a desafios", referiu em declarações à Lusa, falando do "maior envolvimento" dos cientistas mais jovens e uma "maior aproximação" da academia aos cidadãos como prioridades.

A pensar nos cidadãos, propõe-se avançar com um novo portal da academia, mais interativo, onde vai ser possível apresentar sugestões e participar nos projetos científicos.

O especialista em materiais semicondutores e microeletrónica acredita que a "inclusão de aspectos societais nos projetos", como o de as investigações definirem o impacto que vão ter nos cidadãos ou o de responderem a problemas concretos, vai "aos poucos e poucos cativando o interesse dos cidadãos para a ciência".

A "empatia com o público" passa também por lançar uma ideia e colocá-la à discussão no mundo através das redes sociais. "Utilizar as redes sociais para a promoção da ciência... um primeiro passo de aproximação às pessoas", defendeu.

Apesar de europeia, a Academia de Ciências deveria ter mais membros de fora da Europa do que tem atualmente, porque "a ciência é global, não tem fronteiras", considera Rodrigo Martins. O facto de ser português pode jogar a favor das "linhas de ação" que delineou, uma vez que "os portugueses sabem fazer pontes, sabem ser flexíveis", acrescentou.

Rodrigo Martins é diretor do Centro de Excelência de Microeletrónica e Optoeletrónica de Processos, ligado à Universidade Nova de Lisboa. Dirige ainda o Grupo de Materiais para Eletrónica, Optoeletrónica e Nanotecnologias do Centro de Investigação de Materiais (CENIMAT), também associado à mesma universidade e do qual é diretora a sua mulher, Elvira Fortunato. Ambos são os 'progenitores' do papel eletrónico.