A personalização e a utilização das palavras-chave escolhidas podem ser uma mais-valia para que um CV se destaque e obtenha resposta numa candidatura a um novo emprego e a Inteligência Artificial pode ajudar.

Recrutadores e empregadores recorrem cada vez mais a ferramentas de Inteligência Artificial, para tornar os processos de recrutamento mais fáceis e quem anda à procura de emprego também pode usar a tecnologia de IA a seu favor. Bastará seguir alguns conselhos, segundo defende consultora de recursos humanos Kelly.

Quando se está a candidatar a um novo emprego é importante usar as mesmas palavras-chave utilizadas na especificação do trabalho. Muitos recrutadores recorrem a software de análise de currículos, e geralmente utilizam palavras-chave para captar competências ou experiências cruciais para o cargo. “Imagine que possui as competências ou a experiência certa, mas usa palavras diferentes das que o recrutador utilizou na sua pesquisa: isto pode fazer com que o seu CV nem sequer apareça nos resultados e, consequentemente, nem chegue a ser considerado”, avisa a consultora.

O ChatGPT pode ser uma boa ferramenta para saber quais as palavras-chave a utilizar. Por exemplo, ao perguntarmos a esta plataforma qual é a descrição do trabalho (que inclui as tarefas a desempenhar e o perfil procurado) para uma função de serviço ao cliente, esta vai identificar as palavras-chave, que, ao comparar com o anúncio, aparecem redigidas da mesma forma. “Assim, utilizará as palavras exatas e isso pode ajudar a garantir que o seu CV é pelo menos considerado”.

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É, no entanto, necessário ter o cuidado de verificar várias vezes os resultados e de não incluir informações adicionais além das especificações do trabalho, tais como benefícios, pois isto poderia reduzir a força dos resultados do ChatGPT, nota a Kelly.

A Inteligência Artificial também pode ajudar a personalizar a carta de apresentação, outro ponto-chave no processo de candidatura a um novo emprego. Aqui há alguns aspectos a ter em atenção, destaca a consultora.

Quando foi pedido ao ChatGPT para escrever uma carta de apresentação para a mesma função de que tinha acabado de tirar as palavras-chave, foi necessário algo mais concreto: “Para o mesmo trabalho, pode escrever uma carta de apresentação (menos de 500 palavras) que explique por que razão seria ótimo para a posição? Não se esqueça de mencionar todas as palavras-chave que identificou. Pode incluir por exemplo as seguintes informações: (...)”

Estas informações adicionais são informações que o ChatGPT não consegue adivinhar, pois são pessoais, refere a consultora no conjunto de conselhos reunidos. O software utiliza esses pontos no contexto, aplicando-os de forma muito natural. Além de que mencionou, ainda, alguns dos atributos mencionados no anúncio de emprego, sem repetir forçadamente as palavras-chave.

Para último, fica o conselho sobre o que será um elemento distintivo quando um humano finalmente analisar o seu CV: adaptar o discurso do ChatGPT à sua realidade e ao seu tom. “Pense nestas respostas como inspiração e reescreva o resultado de acordo com o seu estilo, para garantir que tudo o que escreve é verdadeiro e adequado”, sugere-se.

Além dos conselhos, a consultora de recursos humanos deixa algumas advertências quanto ao recurso ao ChatGPT, que não está imune a cometer erros. “Isso deve-se em parte ao facto de todos os dados sobre os quais foi treinada serem escritos por humanos. Mas é também porque não compreende o contexto”. Assim, não dispensa a intervenção humana, sublinha a Kelly, mas não deixa de poder “revolucionar a forma como os candidatos a emprego se candidatam a empregos”.