A Agência Espacial Europeia (ESA) anunciou a suspensão do envio do robot Rosalind Franklin, da missão ExoMars, para Marte devido à impossibilidade de manter a cooperação com a congénere russa Roscosmos, que trabalhava na missão, por causa da guerra na Ucrânia.
A decisão, anunciada em comunicado, foi tomada por unanimidade pelo Conselho da ESA, que se reuniu para avaliar a missão robótica ExoMars no contexto da invasão da Ucrânia pela Rússia. Ainda há duas semanas, a ESA tinha admitido como "muito improvável" o envio em 2022 do robot, que se previa fosse lançado para Marte, após sucessivos atrasos, em setembro, numa missão em que Roscosmos era parceira.
O Conselho da ESA "reconheceu a atual impossibilidade de continuar a cooperação com a Roscosmos" na missão ExoMars e mandatou o diretor-geral, Josef Aschbacher, para "tomar as medidas apropriadas para suspender as atividades" com a agência espacial russa.
Os Estados-membros autorizaram o dirigente da ESA a dar início a um estudo "para definir melhor as opções disponíveis" para prosseguir com a ExoMars. O robot tem o nome da química britânica (1920-1958) responsável pela maior parte do trabalho de investigação que conduziu à descoberta da estrutura do ADN.
A ESA avança que os lançamentos programados de satélites com foguetões russos Soyuz foram igualmente suspensos, na sequência da decisão da Roscosmos de retirar o seu pessoal da base espacial europeia, em Kourou, na Guiana Francesa. A agência está a avaliar possíveis alternativas de veículos de transporte de carga, incluindo a revisão do plano de voos do novo foguetão europeu Ariane 6, que tem o seu primeiro lançamento previsto para este ano.
A agência esclarece que mantém o programa de missões na Estação Espacial Internacional, a "casa" dos astronautas na órbita da Terra que ergueu em parceria com as congéneres russa, japonesa, norte-americana e canadiana. A 4 de março, no seguimento do conflito, a Roscosmos anunciou que iria terminar com as experiências científicas conjuntas com a Alemanha na estação.
"O principal objetivo é continuar as operações seguras da Estação Espacial Internacional, incluindo a manutenção da segurança da tripulação", justifica a ESA no comunicado, reiterando que "está totalmente alinhada com as sanções impostas à Rússia pelos seus Estados-membros", apesar de reconhecer o seu impacto na "exploração científica do espaço".
Depois de a congénere europeia ter suspendido a missão conjunta a Marte, a Roscosmos indicou que enviará a sua própria missão robótica ao planeta. O diretor da Roscosmos, Dmitry Rogozin, disse que a expedição científica a Marte será feita "por conta própria", acusando "os amigos europeus" de subserviência aos Estados Unidos.
"O trabalho de milhares de especialistas é apagado por um papel assinado por um burocrata europeu qualquer. É uma pena", criticou o diretor da Roscosmos, Dmitry Rogozin. A Roscosmos acusou hoje a ESA de colocar a sua posição anti-russa à frente dos objetivos comuns da humanidade de estudar o Universo e procurar provas biológicas ou geológicas de vida em Marte.
A ESA reiterou que "está totalmente alinhada com as sanções impostas à Rússia pelos seus Estados-membros", apesar de reconhecer o seu impacto na "exploração científica do espaço".
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