Dmitri Rogozine afirmou que o funcionamento das naves russas que abastecem a Estação Espacial Internacional (International Space Station ou ISS na sigla em inglês), vai sofrer com as sanções, afetando por isso o segmento russo da estação, responsável pela correção da órbita da estrutura.
Em consequência, isso poderá levar "à 'aterragem' da EEI, que pesa 500 toneladas", salientou. A estação é um centro de pesquisa e experiências científicas e tem funcionado como espaço de colaboração entre vários países na órbita da Terra. Mede 109 metros de comprimento e 88 de largura e orbita a Terra a uma altura de 400 km.
"O segmento russo garante que a órbita da estação seja corrigida, em média 11 vezes por ano, incluindo para evitar os detritos espaciais", disse Rogozine, que expressa regularmente nas redes sociais apoio ao exército russo, envolvido na invasão da Ucrânia.
Num mapa mundial, em que mostrou o local onde a estação pode cair, o chefe da Roscosmos adiantou que a Rússia não corre perigo.
"Mas populações de outros países, nomeadamente aqueles dirigidos pelos 'cães de guerra' [numa referência aos países ocidentais] deviam refletir no preço das sanções contra a Roscosmos", escreveu Rogozine, que apelidou os responsáveis pela imposição de sanções de "loucos".
A ameaça não é nova e tem sido expressa várias vezes desde o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, em especial após as sanções impostas ao país.
Quinze países participam na Estação Espacial Internacional. Para além da Rússia e dos Estados Unidos, também o Canadá, Japão e onzes Estados membros da União Europeia contribuem para a construção e financiamento da estação. Esta é composta por dezasseis módulos, sendo que a maioria pertence aos Estados Unidos, com oito módulos (BEAM, Leonardo, Harmony, Quest, Tranquility, Unity, Cupola e Destiny). A Rússia possui sei módulos (Zarya, Pirs, Zvezda, Poisk, Rassvet, and Nauka), o Japão dois (JEM-ELM-PS e JEM-PM) e a Europa tem um, o Columbus.
Veja as imagens dos vários módulos e da sua distribuição
A destruição da ISS está marcada para janeiro de 2031, prolongando por mais 10 anos a missão face ao que estava previsto, e os destroços vão cair no Oceano Pacífico.
Veja algumas das imagens da Estação Espacial Internacional
Já no início deste mês, a 1 de março, a agência espacial norte-americana NASA indicou estar a trabalhar em soluções para manter a Estação Espacial Internacional em órbita sem a ajuda da Rússia.
A Estação Espacial Internacional fez a sua “estreia” em novembro de 1998, quando começou a ser construída através de diversos lançamentos que carregaram as suas partes e as montaram já em órbita. Os maiores módulos e outras peças foram entregues em 42 voos, 37 em naves sob responsabilidade dos EUA e cinco através dos foguetões russos Proton/Soyuz.
Um vídeo da NASA mostra porque a Estação Espacial é um local especial
As equipas e o abastecimento são levados para aquele segmento pelas naves Soyuz e pelos cargueiros Progress, cujas bases de lançamento destas naves está "sob sanções norte-americanas desde 2021 e sob sanções da UE e do Canadá desde 2022", adiantou Rogozine.
A Roscosmos afirmou ter enviado apelos aos parceiros norte-americanos (NASA), canadianos (ASC) e europeus (ESA) para "exigir o levantamento das sanções ilegais contra as empresas" russas.
O espaço é um dos últimos domínios de cooperação russo-americanas.
No início deste mês, a Roscosmos anunciou a intenção de dar prioridade à construção de satélites militares devido ao isolamento crescente da Rússia devido ao conflito na Ucrânia.
Rogozine anunciou igualmente que Moscovo vai deixar de fornecer aos Estados Unidos motores para os foguetões norte-americanos Atlas e Antares.
No dia 30 de março um astronauta Mark Vande Hei e dois cosmonautas Anton Chkaplerov e Pïotr Doubrov, devem terminar a sua missão na Estação Espacial e regressar à Terra, a bordo de uma nave Soyouz.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 549 mortos e mais de 950 feridos entre a população civil e provocou a fuga de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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