O Movimento “Menos Ecrãs, Mais Vida” pediu uma nova audiência ao Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, para obter esclarecimentos sobre a implementação das recomendações em relação ao uso de smartphones no espaço escolar. A cofundadora do movimento, Mónica Pereira, destaca a falta de ação em muitas escolas e questiona a forma como o Governo está a monitorizar o cumprimento das orientações.

“São muitas as famílias que ficaram na expectativa de mudanças nas escolas, mas estas não aconteceram. Em 96% das escolas, o uso de smartphones continua livre, o que prejudica o desenvolvimento físico, mental e social das crianças e jovens”, afirma Mónica Pereira em comunicado.

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Os dados recolhidos pelo MECI em inquéritos às escolas revelam que apenas 35 instituições - cerca de 4% do total - adotaram limitações ou proibições no uso de smartphones. A maioria das direções escolares não segue as recomendações, e, em muitos casos, não apresenta justificações.

"Continuamos a entrar nas escolas e a assistir ao mesmo cenário de crianças apáticas a olhar para ecrãs. Milhares de crianças não brincam nem socializam na escola porque não se conseguem libertar de conteúdos aditivos/viciantes nos intervalos", escreve a responsável.

O Movimento questiona o Governo sobre quais os agrupamentos que já implementaram as medidas e quais as consequências para as escolas que não justificaram a ausência de ações.

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Defende também que a regulação do uso de smartphones seja obrigatória e não apenas orientadora, destacando que medidas semelhantes já foram implementadas com sucesso em outros países, como o Brasil e a Austrália.

Mónica Pereira reforça que este é um problema de saúde pública que deve ser tratado com a mesma seriedade de outros temas, como o consumo de tabaco e álcool em contexto escolar.

“As escolas não podem ser as únicas responsáveis por decidir sobre esta questão. Estudos comprovam os benefícios das restrições, tanto a nível nacional como internacional”, conclui.

O movimento espera que o Ministério implemente uma proibição efetiva já no próximo ano letivo, abrangendo pelo menos até ao terceiro ciclo, e pede regras mais ambiciosas para garantir o bem-estar das crianças e jovens em Portugal.