O financiamento global de empresas de IA aumentou de 2,01 mil milhões de dólares em 2020 para 23,7 mil milhões em 2023, revela um relatório da Bain & Company. O setor cresceu muito, mas é também muito recente, o que faz com que a base de partida seja reduzida. Afinal, apesar de a IA já existir há décadas, as soluções comerciais só há pouco anos chegaram ao público.

No relatório AI Leaders to Watch, a Bain & Company identificou os fornecedores de aplicações de Inteligência Artificial com maior potencial em 2024. São 24 empresas-chave que estão a desenvolver soluções específicas para as necessidades das companhias e dos consumidores, com estratégias que se diferencial dos grandes players que desenvolvem modelos baseados em IA, como a OpenAI, Google DeepMind ou Anthropic.

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A consultora considera que a IA um bom investimento, mas aconselha a acompanhar atentamente o percurso de cada empresas antes de tomar opções de investimento. Algumas vão crescer muito, mas outras ficarão pelo caminho.

Identifica ainda os casos de uso mais relevantes e as áreas de negócio que mais serão influenciadas pela AI. Nestes modelos fundacionais, as empresas passaram de um investimento de 44 milhões de dólares em 2020, para os 16,3 mil milhões de dólares em 2023.

A lista inclui fornecedores reconhecidos (“Must-Know”) e plataformas emergentes com mais potencial de se tornarem players importantes nos próximos anos (“emerging disrupters”), mas “dado o dinamismo do mercado, é necessário monitorizá-lo de perto”, afirma Álvaro Pires, sócio da Bain & Company.

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Do conjunto, 15 empresas must-know já possuem uma base sólida de clientes e reconhecimento do mercado. As outras nove empresas são emerging disrupters que estão a atrair a atenção dos investidores e a conquistar reconhecimento.

A lista inclui empresas como a Synthesia, que gera avatares realistas para formação, serviço ao cliente e marketing, ou a Glean, que criou motor de busca baseado em IA para a documentação interna das empresas. E ainda a Writer, que facilita a criação de documentação de marketing e outros tipos de conteúdo segundo com as normas e diretrizes da marca.

Além disso, também estão a surgir empresas com soluções especializadas, como a Harvey, uma ferramenta de IA desenhada para os escritórios de advogados e os departamentos jurídicos, e a Hippocratic, um modelo de IA treinado para o setor de saúde.

As empresas de IA captam a atenção, mas há muito trabalho pela frente em Portugal. Os projetos de Inteligência Artificial avançam nas empresas portuguesas, mas é preciso apostar mais na inovação e retenção do talento. Durante o 33.º Congresso da APDC os especialistas alertaram ainda para o facto de que Portugal tem obrigação de defender a soberania da língua portuguesa no desenvolvimento da IA.