Os dados partilhados com o SAPO TEK indicam que as difíceis condições macroeconómicas continuam a ter impacto tanto nos investidores como nos fundadores, com menos capital a fluir no ecossistema, apesar dos níveis recorde de liquidez. O relatório Estado da Tecnologia Europeia (State of European Tech) da Atomico para 2023 aponta para uma estabilização da indústria de tecnologia europeia, depois de dois anos de turbulência, e um início de recuperação, mas alerta para o facto da Europa ter de assumir riscos para construir o futuro.

"Os dados deste ano demonstram que a resiliência da tecnologia europeia passou de uma teoria para uma realidade, com muitos dados críticos a estabilizarem e outros a demonstrarem a força e resiliência que agora sustentam o ecossistema tecnológico da Europa", refere o relatório.

Portugal está entre os países mais optimistas na Europa no inquérito sobre o futuro da tecnologia europeia, mas os resultados de investimento estão longe de ser positivos, registando-se uma quebra de 70% face ao ano passado. As empresas portuguesas angariaram 152 milhões de dólares este ano, quando em 2022 o valor foi de 51 milhões do ano anterior, numa quebra de 70 que recua aos níveis de 2020.

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A queda é geral, mas mais reduzida. Ao longo do último ano os investidores recuaram a nível global, com o capital total investido a cair 45% na Europa, em linha com a média global, que baixou 39%, indica o relatório.

O recuo na participação dos investidores norte americanos fez-se sentir na redução do investimento internacional na tecnologia europeia, tanto nas fases iniciais como nas fases finais, mas a Atomico indica que a bases que sustentam a tecnologia europeia são sólidas. "Estão a ser criadas mais empresas tecnológicas na Europa do que nos EUA, apesar do abrandamento de criação de empresas pelas condições de mercado difíceis", refere o estudo.

Este ano a previsão é que o investimento em tecnologia na Europa atinja 45 mil milhões de dólares, o terceiro ano mais elevado após os máximos de 2021 e 2022.

Os investidores são cada vez mais seletivos na escolha dos investimentos e o valor aplicado é também mais reduzido. Segundo o estudo, este ano assistiu-se a um decréscimo das rondas de 100 milhões de dólares, com apenas 36 das chamadas "megarounds" na Europa, um número inferior às 163 registadas em 2022 e quase 200 em 2021.

O resultado é que só sete novas empresas atingiram uma avaliação mil milhões, necessário para a avaliação como unicórnios, incluindo a DeepL, Helsing.ai, Synthesia e Quantexa.

Uma nova positiva do estudo é que o talento continua a fixar-se na Europa, e a tecnologia aumentou o número de trabalhadores em quase 750.000, para mais de 2,3 milhões atualmente. Em Portugal, o número de pessoas empregadas na tecnologia é agora de 31.415, segundo os dados partilhados.

O estudo completo pode ser consultado no site da Atomico.