A Amazon está de parabéns. Trinta anos depois do lançamento da livraria online que centrou as primeiras atividades da empresa criada por Jeff Bezos, a companhia é um gigante, com negócios em várias áreas e uma posição de destaque no comércio eletrónico, nos serviços cloud ou no streaming, com o Amazon Prime Video.

A livraria online nasceu em Seattle, a 5 de julho de 1994. Reza a lenda que Jeff Bezos, que trabalhava até então na banca de investimentos, começou o negócio com a mulher e a a vontade de tirar partido do entusiasmo à volta das dot.com, já com a com a intenção de criar uma loja online que vendesse tudo. Terá começado pelos livros porque eram um produto barato, fácil de diversificar e de enviar, com muito público e vantagens a nível fiscal por serem um bem cultural.

Os livros continuam na oferta mas o portfólio de produtos vendidos online cobre hoje as mais diversas áreas e a companhia é responsável por entregas que valem mais de 850 mil milhões de dólares por ano. A Amazon continua a vender os seus próprios produtos online, mas em determinada altura inovou quando decidiu abrir a plataforma ao pequeno comércio e se transformou num grande intermediário. Conseguiu alargar em muito a oferta, dando em simultâneo ao consumidor a segurança que este precisava para chegar a diferentes nichos de oferta.

Voltou a inovar muitas vezes à medida que transformou o negócio online numa máquina bem oleada, capaz de assegurar entregas no próprio dia, em alguns casos, e até dois dias na maioria dos restantes. Esta foi uma mudança que ganhou destaque depois do lançamento do Amazon Prime, o serviço de subscrição que chegou 10 anos depois do surgimento da empresa, para fidelizar clientes e abrir mais uma linha de receita.

A Amazon é hoje o segundo maior empregador privado dos Estados Unidos. Em todo o mundo conta com 1,5 milhões de colaboradores, uma boa parte dos quais associados ao trabalho logístico nos bastidores da loja online.

E convém não esquecer que os armazéns de distribuição do grupo estão espalhados por diferentes pontos do globo onde toda a máquina se replica. No seu país de origem controla mais de 40% das receitas de comércio eletrónico a uma enorme distância do principal concorrente, a Walmart (6%).

O primeiro passo rumo a uma loja online que vende tudo foi dado pela Amazon em 1998, quando aos livros se juntaram CDs de música, logo depois veio a eletrónica de consumo e brinquedos. Em 1999, a Amazon, nome inspirado no do rio Amazonas, já vendia para 150 países e nessa altura anunciava que tinha expedido mais de 200 milhões de itens.

Nos primeiros três meses deste ano, a tecnológica faturou 143 mil milhões de dólares, mais 13% do que no mesmo período do ano passado. O comércio eletrónico mantém-se um dos grandes motores do negócio, mas a unidade de cloud, explorada através da Amazon Web Services, tem também um peso cada vez mais determinante no “bolo” total. Nos primeiros três meses deste ano, a AWS contribuiu com 25 mil milhões de dólares para as receitas da Amazon.

Veja as imagens que fazem parte da história da Amazon

No ano passado elevou essa contribuição para mais de 100 mil milhões. Tudo somado tem contribuído para que a empresa se consolide como uma das mais poderosas e valiosas do mundo. A Amazon passou a integrar no final de junho o restrito clube das empresas com uma valorização bolsista de mais de 2 mil milhões de dólares. Cada ação da companhia vale hoje mais de 200 dólares. Jeff Bezos, o homem que a fundou a partir de uma garagem, é o segundo mais rico do mundo, segundo a Forbes, com uma fortuna avaliada em 216,5 mil milhões de dólares.

A Amazon é também conhecida pela Alexa, um dos assistentes virtuais pioneiros e mais conhecidos do mercado - em vias de se tornar mais inteligente e conversadora, que integra outra área de negócio onde a marca se consolidou, a do hardware. Aqui ganhou também notoriedade com os e-readers Kindle. as colunas Echo ou os sistemas domésticos de videovigilância Ring.

O grupo tem investimentos noutras áreas como os carros autónomos ou os satélites, onde se destaca o projeto Kuiper, que prevê lançar uma constelação de satélites ao estilo do que tem feito a Space-X, também neste caso para servir de base a um serviço global de internet.

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No retalho vale a pena lembrar que a Amazon mantém também a sua própria cadeia de supermercados, a Whole Foods e que nesta, como em muitas outras áreas, foi conseguindo crescer mais rapidamente graças a dezenas ou mesmo centenas de aquisições ao longo dos anos.

As polémicas também fazem parte da história da empresa, que ao longo dos anos se viu envolvida em vários processos judiciais. Muitos destes processos estão ligados às práticas concorrenciais e à forma como usa as quantidades gigantescas de dados que recolhe dos utilizadores e dos lojistas para proveito próprio.

Há um processo federal a correr neste momento nos Estados Unidos que pode obrigar a empresa a algumas mudanças importantes, mas que não deve ter uma resolução rápida. Na Europa os reguladores também têm apontado holofotes à empresa e há igualmente processos em marcha e batalhas recentes perdidas.

Mais recentemente, a Amazon tem enfrentado igualmente vários conflitos com trabalhadores, que acusam a companhia de políticas e trabalho injustas. Os protestos sucedem-se e em alguns Estados americanos foram criados sindicatos que a empresa tem tentado não reconhecer.

Rumo aos 40, a Amazon debate-se com uma atenção crescente dos reguladores, à medida que também refina cada vez mais a utilização dos dados que guarda e usa de clientes e parceiros. Tem de enfrentar uma concorrência crescente de outros atores cada vez mais relevantes no mundo do comércio eletrónico, como as chinesas Temu e a Shein e está a apostar em força na inteligência artificial generativa. Aí tem feito desenvolvimento próprio e grandes investimentos em startups da área, uma aposta que pode dar um retorno interessante para um comércio eletrónico ainda mais personalizado e eficiente ou mesmo abrir caminho a outros negócios.