A sonda Odyssey foi lançada em 2001 para Marte e desde então tem sido um dos “olhos” vigilantes do planeta vermelho. Nestes quase 22 anos de operações, a NASA estima que tenha circulado à volta de Marte mais de 94 mil vezes, o que será o equivalente a 2,21 mil milhões de quilómetros percorridos. Esta longa viagem da Odyssey obrigou a uma gestão extrema do seu depósito de combustível.

O grande problema é que a sonda não tem qualquer medidor de combustível, algo que damos como garantindo em qualquer veículo do dia-a-dia. E para manter o controlo da autonomia da Odyssey, os engenheiros necessitam de se agarrar à matemática. A NASA afirma que no último ano, a sonda deu sinais de estar a ficar sem combustível. E os cálculos feitos indicam que os níveis do combustível de hidrazina são mais reduzidos do que se estava à espera.

Pelas contas da agência espacial norte-americana, quando foi lançada em 2001, a sonda tinha cerca de 225,3 quilos de combustível de hidrazina. Uma forma de medir a capacidade da sonda é aplicar calor aos dois tanques de combustível e observar quanto tempo estes demoram a atingir determinada temperatura. “Tal como uma chaleira de chá, um depósito de combustível quase vazio aquece mais rápido do que um cheio”, refere a NASA.

NASA Odyssey
As dunas de areia de Bunge Crater foram descobertas pela Odyssey.

Nos cálculos feitos durante o verão de 2021, a matemática mostrou que os depósitos da sonda continham apenas perto de 5 quilos de combustível, um nível inferior às projeções feitas pelo modelo preditivo. E outra estimativa feita em janeiro de 2022 davam conta de ter cerca de 2,8 quilos de hidrazina. Se esses cálculos estivessem corretos, a NASA estima que a sonda ficaria sem combustível em menos de um ano.

A NASA não sabe ao certo o que aconteceu à sonda, se houve alguma fuga de combustível ou algo que tenha ficado de fora dos cálculos da equipa. A mais recente investigação demorou meses para se tentar perceber o mistério do combustível desaparecido, mas descobriram novas coisas sobre o envelhecimento do complexo sistema de alimentação da sonda e o seu comportamento em voo. Os mais recentes cálculos deram mais esperança de vida à Odyssey, estimando-se que o combustível dure pelo menos até ao fim de 2025.

A Odyssey não requer muita hidrazina nas suas viagens, uma vez que utiliza também energia solar. A sonda tem ainda três rodas de reação que giram no interior do aparelho, criando um binário que ajuda na sua movimentação e a apontar os instrumentos para Marte. A hidrazina é queimada para contrariar a reação do movimento gerado por essas rodas.

Entre os feitos da Odyssey contabilizam-se o mapeamento da composição mineral da superfície de Marte, ajudando a compreender a história do planeta. Descobriu ainda depósitos de gelo que podem ser utilizados por astronautas em futuras missões tripuladas. Também estudou a radiação que pode ser prejudicial aos astronautas. Além de ter ajudado a sondar potenciais zonas para pousar as naves em futuras missões ao planeta vermelho.