O novo ano começa com uma “prenda” para os entusiastas da observação astronómica. Depois da chuva de meteoros das Úrsidas em dezembro, janeiro fica marcado pela “chuva de estrelas” das Quadrântidas, vista como uma das melhores no hemisfério norte.

De acordo com o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), o pico da chuva de meteoros das Quadrântidas ocorre hoje pelas 20h40, uma vez que o pois o instante de Lua Nova ocorreu apenas 26 horas antes, no dia 2 de janeiro pelas 18h33.

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Ao todo, o fenómeno conta com uma atividade máxima de 120 meteoros por THZ (Taxa Horária Zenital). As Quadrântidas não são tão “famosas” quanto outras chuvas de meteoros, uma vez que a sua atividade é muito curta, passando muitas vezes despercebida. No entanto, em 2022, a duração de visibilidade vai estender-se por mais uns dias, até 12 de janeiro.

O OAL avança que o nome desta chuva de meteoros, que se acredita ter origem em fragmentos do asteroide 2003 EH1, resulta da constelação extinta “Quadrans Muralis”, ou Quadrante Mural, que hoje faz parte da constelação do Boieiro.

Se as condições de observação não forem as mais ideais no local onde se encontra, poderá observar o fenómeno através de uma transmissão ao vivo através do canal de YouTube do Virtual Telescope Project.

Há também a possibilidade de explorar uma visão tridimensional do fenómeno através do website Meteor Showers, que tem por base dados abertos fornecidos pela NASA, captados por satélites, telescópios e outras missões a decorrer.

Há mais motivos para observar o céu nortuno em janeiro

É já no próximo dia 4 de janeiro, pelas 07h00, que a Terra passará pelo periélio, o ponto mais próximo do Sol, a uma distância de 0,983336540 unidades astronómicas (UA). O OAL explica que a entrada da Terra no periélio fará com que o Sol pareça um pouco maior do que o habitual, com o seu diâmetro aparente a atingir o valor máximo: 32,53’ (minutos de arco).

“Apesar do diâmetro verdadeiro do Sol se manter fixo”, situando-se nos 1,393 milhões de quilómetros, “o ângulo observado entre o extremos esquerdo e direito do disco solar (diâmetro aparente) diminui ou aumenta, consoante a distância ao Sol se altera”, indica o OAL.

A Terra atingirá o periélio a 4 de janeiro
créditos: OAL

Recorde-se que apesar da “ilusão de ótica” no que toca ao tamanho do Astro-Rei, a entrada da Terra no periélio não impede que o hemisfério norte esteja na estação mais fria do ano, pois as estações do ano não dependem da distância da Terra ao Sol, mas sim da inclinação do eixo do nosso planeta relativamente ao seu plano orbital.

Além da chuva de meteoros das Quadrântidas e da entrada da Terra no periélio há mais motivos para observar o céu noturno: todos os planetas visíveis a olho nu poderão ser observados à noite em janeiro.

De acordo com dados do OAL, até ao dia 20 será possível observar Mercúrio ao anoitecer na constelação de Capricórnio, com a sua magnitude a variar entre -0,3 e -2,4 no início do mês. A partir do dia 26 de janeiro, o planeta move-se para a constelação de Sagitário, onde será visível ao amanhecer.

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Vénus, cuja magnitude no início do mês varia de -4,6 a -3,6, será visível na constelação de Sagitário, sendo possível observá-lo ao anoitecer até ao dia 5, na direção Sudoeste, e ao amanhecer a partir do dia 11, na direção Sudeste. Poderá observar Marte ao amanhecer na constelação de Ofiúco, na direção Sudeste, movendo-se depois para a constelação de Sagitário e a sua magnitude no início do mês varia de -1,5 a 1,4.

Já Júpiter, cuja magnitude ao longo do mês varia de -2,1 a -2,0, será visível na constelação de Aquário ao anoitecer, na direção Sudoeste. Será possível observar Saturno ao anoitecer, na direção Sudoeste, até ao dia 27 na constelação Capricórnio. No dia 4 de janeiro, o planeta estará a 4°N da Lua pelas 17h00 e a sua magnitude ao longo do mês é de 0,7.

Por fim, se tem um telescópio por perto, aproveite para encontrar Urano na constelação de Peixes e Neptuno na de Aquário, onde permanecerá durante todo o resto do ano.