Por Miguel Amador (*)
Nesta década, quando falamos em Saúde, é incontornável falar do Digital. Como resposta à falta de recursos humanos, para aumentar a eficiência e sustentabilidade dos sistemas de saúde, ou para novos tratamentos e diagnósticos que passam cada vez mais por casa, o digital lidera na inovação em saúde.
A pandemia marcou em 2020 um salto na adoção da saúde digital. Num estudo do Eurofound, 44% dos Portugueses reportaram ter usado serviços de teleconsulta durante os primeiros 12 meses da pandemia, o que representa uma maior proporção do que a média Europeia (44%). A questão para 2022 é o que devemos esperar e qual será a tendência na componente digital na área da saúde. Será que com o normalizar da pandemia iremos recuar? O que falta para consolidar os avanços observados?
No EIT Health temos seguido as tendências a nível Europeu, que Portugal não deverá deixar de acompanhar. Entre elas, está a necessidade de novos incentivos e formas de pagamento dos cuidados de saúde.
Precisamos de formas de pagar pelo valor, não pela quantidade de serviços. A inovação e a tecnologia criam novos modelos de cuidados de saúde, mais continuados, fora do hospital, e muitas vezes autónomos, que não se encaixam na típica consulta ou exame. Sem isso, não temos os incentivos para adotar novos modelos de saúde, porque continuamos a pagar com base em modelos antigos. Aliás, a Alemanha, e mais recentemente França, lançaram programas que permitem que um médico prescreva uma aplicação digital, devidamente certificada, como faz hoje em dia com medicamentos. E temos muitos exemplos de aplicações, por exemplo, para saúde mental com melhores efeitos terapêuticos do que medicamentos.
Incontornável será também o investimento público na modernização da saúde a nível Europeu, da qual Portugal não deixará de fazer parte, pelo menos tendo em conta os projetos apresentados no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência. Vemos aqui uma forte aposta nas tecnologias digitais, em trazer cada vez mais os cuidados de saúde para casa. Estes planos serão essenciais para robustecer os produtos e estimular uma adoção e treino dos profissionais para estas ferramentas. Aliás, o EIT Health tem apoiado diversas ações focadas exatamente na educação e integração da tecnologia (juntamente com a GE, capacitámos mais de 1750 profissionais de saúde para a área da Inteligência Artificial a nível europeu em 2021). A educação e o investimento à implementação são essenciais para que possamos ver muito do que já foi desenvolvido a ser utilizado de forma mais frequente na vida dos portugueses.
Finalmente, perspetivamos para 2022 um importante período no que concerne à regulação das tecnologias de saúde, nomeadamente as digitais, com aplicação de novos regulamentos europeus de dispositivos médicos, que exigem maior rigor e qualidade aos fabricantes. Estamos também a assistir à discussão da regulação da Inteligência Artificial a nível Europeu, assim como uma maior preocupação nos cuidados e boas práticas de cibersegurança. Pontos cruciais, agora que a nossa saúde está cada vez mais dependente do que se passa no digital. Empresas, cidadãos, profissionais de saúde e atores públicos devem ter um papel crucial nestas discussões, que em muito ultrapassam o nosso país, mas que vão afetar a todos
(*) EIT Health InnoStars Ecosystem Lead para Portugal
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