Por Mafalda Samwell Diniz (*)

Ouvir ativamente e conhecer. Dois momentos fundamentais para qualquer empresa que queira realmente ir ao encontro de quem procura espaços de escritórios onde instalar adequadamente toda a sua estrutura. Com isso, identifica-se aquilo que um cliente tem em mente. A visão e missão, os valores, os desafios que se propõe enfrentar. Apenas assim será possível oferecer soluções flexíveis, adaptadas de acordo com as exigências. É o caso das empresas Tecnológicas, que assentam o seu modelo num paradigma tão em voga, o equilíbrio no trabalho.

Ponto prévio: Portugal é um destino relevante para as empresas de TI, cujo negócio se encontra numa incrível dinâmica de crescimento. Não por acaso, Lisboa foi considerada um dos 21 lugares do futuro pela consultora norte-americana Cognizant, acompanhada neste ranking por apenas outras duas cidades europeias.

Falo, pois, de um setor crucial para o desenvolvimento de um país que foca muita da sua estratégia de crescimento na Transformação Digital da economia.

Mais a fundo. Com um modelo altamente sofisticado, a sua estratégia passa por uma perceção vanguardista no que concerne aos locais de trabalho, os quais têm como mantra racionalizar e otimizar as estruturas. Em face do aumento da sua dimensão e expansão, torna-se crucial explorar toda uma nova perspetiva no desenvolvimento e construção de um espaço, tal e qual um plano de arquitetura que define e justifica o porquê de determinadas escolhas visuais.

E como o fazem? Acima de tudo, as Tecnológicas assumem-se precursoras de um conceito que marcará, inevitavelmente, uma era na estratégia global e transversal das organizações: o Work Life Balance.

Recuemos um pouco. Em 2019, o teletrabalho era uma expressão quase etérea, desconhecida da generalidade do mundo laboral. Na verdade, não é bem assim… As tecnológicas tinham já uma cultura interna que permitia a adoção deste modelo de trabalho. Inúmeras corporações possibilitavam aos colaboradores exercer preferencialmente as suas funções por via remota. Bastava-lhes ter acesso à rede e um dispositivo, em qualquer ponto do globo.

Mas em momento algum tal implicou o abandono das infraestruturas que serviam os seus intentos. Pelo contrário.

Ao longo destes últimos anos, e em consequência de uma mudança na mentalidade das pessoas (e crescente afastamento social, também), passou a ser imperativo encontrar maior foco nas valências que as infraestruturas físicas proporcionam. E fez-se, ao torná-las colaborativas e humanas, pontos de confluência capazes de criar proximidade entre colegas, com uma forte aposta em zonas comuns, onde se trocam opiniões e vivenciam experiências. Ou seja, estes são espaços que prezam o encontro de colegas. Objetivo? Motivar as pessoas a frequentar mais vezes a empresa, e com isso criar laços e espírito de grupo; aspetos que, de outra forma, diluir-se-iam, com graves danos para as organizações e para os próprios profissionais, seja no seu rendimento, seja na respetiva saúde mental.

Em suma, as TI querem uma oferta que se adapte à sua visão, num setor onde a competição pelos melhores talentos (talentos, esses, por norma jovens, e com isso marcados pelas novas tendências económicas e sociais) implica uma oferta que vá além das boas condições salariais.

É óbvio que não vão deixar de ter os habituais serviços premium, com projetos exclusivos feitos à medida, salas de reunião, business lounges e equipa de receção, suporte tecnológico e apoio logístico. Nem vão preterir a máxima exigência ao nível dos projeto de arquitetura, construção, manutenção, limpeza e serviços de telecomunicação.

Mas tudo isto terá que se enquadrar numa mentalidade que não se coaduna com a tradição das últimas décadas. O trabalho flexibilizou-se, tornou-se híbrido, não é mais um espaço alocado para a consecução estrita das funções laborais. Vivemos uma era de equilíbrios; e as empresas de TI sabem-no. Resta que encontrem os parceiros certos que implementem essas (boas) práticas.

(*) Head of Marketing & Communication da MALEO