Por Luís Muchacho (*)
A chegada do 5G significou para as atuais redes móveis a possibilidade de irem muito além da conectividade básica. O potencial que a nova geração nos oferece exige uma evolução na forma de abordar o desenvolvimento dos serviços oferecidos através destas ferramentas. Estamos perante uma oportunidade para criar aplicações e serviços verdadeiramente inovadores, que aproveitem da melhor forma o poder e a escala das telecomunicações.
Desta realidade, nasceu no decorrer do último Mobile World Congress o Open Gateway, uma iniciativa que permitirá, pela primeira vez, que operadores de todo o mundo abram as suas redes a programadores. O objetivo é universalizar e padronizar o acesso à programação, abrir as portas a esta comunidade, para que a mesma possa desenvolver novas aplicações, e assim desbravar caminho para as telecomunicações encontrarem novos modelos de consumo e monetização das suas infraestruturas.
Como se materializa esta mudança de paradigma? De forma muito simples, graças a um novo conceito, o NaaS (Network as a Service, em português, rede como um serviço). Desta forma, as redes dos operadores assumem-se como plataformas de implementação de serviços, enquanto os próprios podem apresentar esses serviços sob a premissa dos mesmos serem consumidos diretamente pelos programadores. Esta revolução está vocacionada para a expansão de uma oferta que tornará possível o desenvolvimento de avanços extraordinários ao nível do 5G. Soluções focadas na realidade virtual, Metaverso, veículos conectados, drones, jogos, telemedicina ou serviços de ultra alta definição, são apenas algumas das áreas que irão beneficiar deste conceito.
E qual é o papel da Ericsson em toda esta revolução? Além de se assumir como fornecedor de tecnologia, é também um facilitador. Ou seja, para garantir que as capacidades expostas pelos operadores encontram-se facilmente ao dispor da comunidade global de programadores, independentemente daquele que fornece a capacidade ou da localização do utilizador final, desenvolve-se a denominada Global Network Platform, a qual permite adicionar e oferecer APIs passíveis de serem consumidas, num ótica de agilidade e simplicidade à escala global.
E a revolução já se encontra em curso. Por exemplo, em colaboração com alguns dos principais players do setor, é possível demonstrar na indústria de gaming em rede que são garantidos os recursos necessários (capacidade de serviço) para tornar os jogos móveis numa realidade.
Por outro lado, este é igualmente um modelo com um cariz financeiro deveras relevante, ao representar uma nova fonte de rendimentos, e assim permitir rentabilizar em novos serviços 5G. As receitas que os operadores obtêm à data são limitadas, mas o potencial de crescimento deste negócio é enorme. Com a adoção do NaaS, encontra-se aqui uma tripla oportunidade para aumentar a sua receita:
- Com a venda desses serviços por grosso a agregadores e plataformas especializadas;
- Por via da venda de serviços avançados, com maior valor acrescentado para os seus clientes;
- Ao participar na digitalização de processos de negócio, através da prestação de serviços de integração que utilizem capacidades de NaaS.
O Open Gateway já está em funcionamento. E, graças ao impulso que atualmente se verifica, o NaaS é uma realidade. A colaboração entre operadores e programadores que se focam na criação de aplicações abre o caminho para um novo ecossistema que trará grandes benefícios para as empresas e utilizadores. A partir de agora, os limites da inovação serão marcados apenas pela nossa mente. É nesse sentido que queremos continuar a trabalhar, para tornar o inimaginável possível.
(*) Networks Pre-Sales Lead da Ericsson Portugal
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