Por Alejandro Solana (*)
Em menos de um ano, a vida profissional da grande maioria das pessoas foi virada do avesso pela pandemia COVID-19. Para muitos, pensar que conseguiriam trabalhar a partir de casa ou de qualquer outro lugar parecia ser um sonho distante. Já para as empresas, o principal problema é que este modelo era comummente visto como uma oportunidade para os colaboradores não trabalharem. No entanto depois de posto à prova, é visto como muito mais do que uma solução temporária, mas até como uma opção alternativa real e ideal para muitas pessoas, num futuro pós-pandemia.
São milhões de pessoas em todo o mundo que trabalham num escritório com apenas um computador na secretária, que agora perceberam que podem fazê-lo a partir de qualquer lugar, desde que tenham ligação à internet. O novo normal começou a ser desenhado com base neste cenário, e a pandemia mostrou que muitas das formas tradicionais de gerir negócios são hoje inadequadas, tendo ainda alertado, para eventuais situações pandemias futuras. Existem inclusivamente alguns epidemiologistas que afirmam que esta pandemia é uma primeira de muitas outras que se seguirão.
O novo normal terá de lidar com muito mais do que ter funcionários de escritórios em casa a trabalhar. A questão que agora levantada é que, quando a próxima pandemia chegar, os trabalhadores de outros setores terão também de conseguir trabalhar de casa de forma segura. Hoje existem respostas para todas estas questões e, com a tecnologia disponível atualmente, o futuro trará novas formas de trabalhar em todas as áreas, também muito graças à gamificação.
As tecnologias desenvolvidas para jogos são hoje surpreendentemente realistas, havendo inclusivamente simuladores de voo que são utilizados por pilotos profissionais para que estes mantenham as suas competências bem treinadas. Assim, se a estas tecnologias juntarmos serviços de comunicação com boa largura de banda suportada numa boa infraestrutura computacional, será possível aceder em tempo real a aplicações e serviços pelo que, haverão poucas razões para que trabalhadores precisem de estar fisicamente junto às máquinas para as conseguir controlar.
Estas tecnologias de comunicação estão hoje disponíveis com uma velocidade de transmissão de um gigabyte por segundo nos telemóveis 5G, e a infraestrutura computacional já existe na forma de sistemas hiperconvergentes. A estas podem juntar-se então as tecnologias de gaming, com controlo joystick de alta precisão, sistemas de vídeo com realidade virtual aumentada suportadas em inteligência artificial e tecnologias de machine learning. Desta forma, através da internet das coisas e de sensores, com dados em tempo real e movimentações precisas, o trabalho remoto é cada vez mais uma realidade para os mais diversos setores.
Por exemplo, no porto de Ningbo, na China, que como em todos os portos semelhantes, tem grandes guindastes utilizados para carregar e descarregar os contentores dos navios. Os estivadores estão sentados em pequenas cabines a mais de 30 metros de altura, passando o dia inteiro sem sair e a olhar para baixo, para os contentores que estão a movimentar. Além de todas as implicações mais óbvias, esta posição é ainda propícia para problemas de pescoço e de costas. Atualmente começam a operar esses guindastes em tempo real a partir de uma secretária, numa sala de controlo remota, utilizando um joystick de alta precisão, um ecrã de alta definição e comunicações de banda larga.
Por agora, este é o melhor cenário na aplicação destas tecnologias, mas não será assim por muito mais tempo. À medida que a rede 5G se expande universalmente, chegará o momento em que outros trabalhadores portuários poderão desempenharem as suas funções remotamente. Claro está que não serão apenas os estivadores a beneficiar desta combinação de tecnologias, numa infraestrutura hiperconvergente, utilizando machine learning e sistemas de IA.
Sabemos que já está a acontecer e que todas as tecnologias necessárias para o efeito já estão disponíveis e em utilização. Será apenas uma questão de tempo para que todos possamos beneficiar destas novas realidades.
(*) Diretor Técnico da Nutanix Ibéria
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