Por Carlos Cunha (*)
À medida que os modelos de trabalho híbrido adquirem popularidade e as empresas investem em novas tecnologias para que as suas equipas tenham as ferramentas necessárias para trabalhar de casa, começa a haver uma preocupação crescente com o impacto prejudicial que estas práticas poderão ter a nível ambiental, se massificadas. Por outro lado, conseguimos igualmente perceber que o trabalho remoto ficará de alguma forma, independentemente da pandemia. Assim, os processos tecnológicos e ferramentas de que as organizações precisarão para se adaptar aos novos modelos de trabalho exigem uma avaliação cuidada. Como podem os líderes de TI capacitar os funcionários e fazer crescer os seus negócios à distância, sem abandonar ou prejudicar a sustentabilidade da sua organização?
Estratégia TI
Uma estratégia TI sustentável e claramente definida – que inclua verdadeiro compromisso de gestão e metas mensuráveis – pode ajudar qualquer organização a alcançar os seus objetivos, sejam eles sociais, económicos ou ambientais. Os escritórios estão hoje a evoluir no sentido de se tornarem, essencialmente, espaços de colaboração e inovação. E, embora muitos mantenham ainda uma certa afinidade com as instalações físicas das organizações, um estudo recente da Dynabook comprovou que 65% das empresas europeias prevê gastar mais no apoio que providenciam ao trabalho híbrido e remoto, com soluções cloud, assistência informática e dispositivos novos e seguros para as suas equipas. Investir em equipamento robusto e seguro não poupará apenas tempo e dinheiro – é um primeiro passo fulcral para a viabilidade do trabalho híbrido.
Impulso ou obstáculo?
Num estudo do World Economic Forum, The Future of Jobs 2020, o alargamento do trabalho remoto, a aceleração da digitalização e a automatização são apresentados como fatores que, no geral, têm um impacto positivo a nível ambiental. À primeira vista, parece fazer sentido: o trabalho remoto reduziria, por exemplo, as emissões de CO2 causadas pelos transportes e sistemas de climatização das instalações. O mesmo aconteceria muito provavelmente com o consumo de plástico de utilização única, como os guardanapos, os copos de café, e tudo mais.
Mas este é apenas um lado da moeda. Os líderes de TI devem considerar igualmente o impacto ambiental que o número de dispositivos necessários para potenciar o trabalho à distância representa. Computadores, portáteis, impressoras têm invariavelmente uma pegada ecológica própria e, como tal, podem contribuir para maiores níveis de desperdício eletrónico. De acordo com o The rising tide of e-waste, quase todas as 600 empresas globais inquiridas (97%) tiveram de comprar novos portáteis para acomodar a transição para o trabalho remoto durante a pandemia.
Significa isto que o trabalho híbrido é prejudicial para o ambiente? Não necessariamente. Apesar de alguns especialistas definirem o atual consumo eletrónico como insustentável, as PMEs que hoje investem em dispositivos para potenciar a sua força de trabalho ainda estão a tempo de transitar para um modelo de economia circular, que privilegie o desempenho ambiental e o ciclo de vida dos produtos. Opções de reutilização, reciclagem e recuperação de dispositivos nunca foram tão importantes.
Antes de proceder com alguma das hipóteses anteriores, é imprescindível assegurar às equipas boas soluções de assistência TI remota, que garantam que a tecnologia opera sem problemas e que os equipamentos duram o máximo possível. Não admira que 50% das empresas europeias inquiridas pela Dynabook apresentem como objetivo um maior orçamento para assistência TI. Os benefícios são inúmeros, seja em termos de segurança, por permitir o acompanhamento regular da eventual presença de malware no sistema, seja em termos de eficiência, uma vez que possibilita a resolução mais célere de potenciais problemas.
Pode o modelo de trabalho híbrido ser realmente sustentável?
Falta-me responder à grande questão. À primeira vista, diria que sim, com uma grande condicionante: apenas se for implementado corretamente. A mudança para um modelo operacional mais circular quando se trata de dispositivos tecnológicos, e a melhoria dos comportamentos que envolvem resíduos eletrónicos desempenham um papel muito importante.
Mesmo as organizações que requerem um fluxo constante de dispositivos podem colmatar o desperdício com iniciativas de revenda e disposição responsável de produtos. Apesar de não haver uma única solução para todos, é certo que o trabalho híbrido está para ficar. Cabe-nos, então, descobrir qual a forma mais sustentável de o pôr em prática.
(*) Diretor Comercial da Dynabook Portugal
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