Por Alexandre Ruas (*)

No passado mês de março a Flexera lançou o seu mais recente estudo sobre as tendências no que respeita à utilização de estratégias de Cloud, 2021 State of the Cloud Report.

Um dos grandes destaques, como facilmente se antecipava, vai para a aceleração na adoção de políticas Cloud devido ao atual momento pandémico. Segundo o estudo, 29% do total das empresas inquiridas viram-se forçadas a antecipar ou definir um plano, comparativamente com o previsto na era pré Covid-19, respeitante à Cloud. Este comportamento adveio, maioritariamente, da necessidade de resposta urgente aos impactos operacionais e de negócio sentidos no dia a dia das organizações.

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É claro, no entanto, que nem só de planos reativos cresce o recurso a soluções e produtos Cloud. De acordo com a Gartner, em 2020 a taxa de crescimento anual já se situava acima dos 6%, em receitas, e em aceleração.

Com os dados na agenda de praticamente todas as empresas, independentemente da sua dimensão e sector, passa a ser mandatório a definição de uma estratégia de infraestrutura dinâmica e escalável, onde a capacidade de processamento e armazenamento são centrais. Isto leva-nos a debruçar sobre o conceito de Infrastructure as a Service - IaaS.

No nosso âmbito, podemos definir IaaS como um modelo capaz de oferecer recursos e computação de acordo com as necessidades momentâneas de determinada empresa, instituição ou pessoa através da Cloud. Além de uma vasta panóplia de serviços e produtos associados, as Hyperscale Companies sugerem ainda que o IaaS é atrativo porque elimina a necessidade de aquisição, configuração ou gestão de infraestrutura física para correr aplicações ou guardar dados, sendo apenas necessário pagar os recursos consumidos.

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Ora, é exatamente nos pontos mencionados acima e apresentados como vantagens na movimentação para a Cloud, que, na minha opinião, reside muitas vezes a decisão de protelar a entrada em ambientes Cloud, Multi-Cloud ou híbridos. Ou seja, nas rúbricas de investimento e respetiva previsibilidade na gestão financeira. Vejamos.

Em muitas empresas a gestão financeira e de risco está ainda fortemente alavancada numa lógica Capital Expenditure (CAPEX) quando se trata de criar ou melhorar infraestruturas tecnológicas. Ora, fazer evoluir este modelo, mesmo que ineficiente do ponto de vista tecnológico, para permitir oferecer às operações e negócio flexibilidade instantânea, requer uma mudança estrutural nos processos, competências e cultura. A necessidade de gerir a imprevisibilidade e riscos associados ao Operational Expenditure (OPEX), no caso concreto da Cloud, obriga toda a organização a ser mais digital, a começar pelas áreas financeiras e suporte. Ou seja, podemos afirmar que na velocidade da implementação de estratégias Cloud, a inclusão das áreas financeiras e de suporte toma um papel preponderante.

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Por outro lado, a sensibilização das áreas operacionais para as ineficiências na utilização de recursos toma ainda maior relevância, no sentido de não aumentar os custos da empresa. É possível encontrar no mesmo estudo da Flexera referência a um desperdício global de 30% dos recursos Cloud estimados e contratualizados. É também comum encontrarmos nos fóruns mais técnicos que Cloud já faz parte do lote de tecnologias main stream, o que significa massificação da utilização pelas empresas e pessoas, mesmo que as mesmas não estejam totalmente preparadas, em todos os vetores e eixos, para uma gestão competente e estrutural.

Assim, podemos concluir que entre os fatores críticos de sucesso para uma implementação correta da estratégia de Go to Cloud estão, o cálculo do Total Cost of Ownership (TCO), o tipo de modelo a adotar, a construção de equipas multi-disciplinares e a necessidade de monitorização e disponibilização em tempo real dos recursos e custos associados.

Tão importante como isso, e porque Cloud é apenas um exemplo, é ter a consciência que a evolução e capacitação são fundamentais em todas as áreas e matérias, dando assim espaço a um olhar crítico sobre os vários ângulos e zonas de sombra. O risco diminui, a confiança aumenta, é dado espaço para evolução e inovação, logo, sustentabilidade da empresa.

(*) Operations & Technical Director, Capgemini engineering