A Coligação Portuguesa para a Empregabilidade Digital foi lançada em Portugal ainda em 2015, respondendo a um desafio europeu para o desenvolvimento de competências digitais numa altura em que se estimava que em 2020 existiria um défice de 900 mil profissionais de Tecnologias de Informação na União Europeia. Nos últimos anos foi feito um esforço de relançamento e de envolvimento de novos parceiros, com resultados que já se sentem no terreno, como partilhou Sandra Martins, coordenadora do Ponto Digital e responsável pela coordenação do programa da Coligação Portuguesa para a Empregabilidade Digital no .PT.

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A iniciativa acaba de celebrar os 10 anos, numa década em que o mercado de trabalho mudou e a pressão para a digitalização acelerou. Por isso é ainda mais importante apostar no desenvolvimento de novas competências digitais com a qualificação e requalificação profissional, que se pretende que seja acompanhado por uma literacia digital de toda a sociedade, sempre com o objetivo de “não deixar ninguém para trás”.  

O número de parceiros tem vindo a crescer, assim como as iniciativas que abrangem os vários pilares e atuação. Quando foi lançada, com a coordenação da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), a coligação contava com 23 parceiros, e depois de uma fase em que esteve “adormecida” a coordenação foi assumida pelo .PT. Hoje o projeto já reúne 85 entidades, numa dinâmica que os promotores querem continuar a alargar.

Os dados relativos às competências digitais em Portugal estão a melhorar, especialmente com o reforço das competências digitais básicas e dos especialistas em TIC, onde Portugal está ligeiramente acima da média da União Europeia nos indicadores de 2023/24, com o número de diplomados em STEM e doutorados também a superar a média dos Estados membros da EU.

Dados competências digitais
Dados competências digitais créditos: .PT

Sandra Martins admite que o crescimento das competências no mercado está a ser lento em relação ao crescimento da economia digital e sublinha a importância de reforçar o desenvolvimento das competências e retenção de talento. As iniciativas desenvolvidas no terreno passam muitas vários projetos onde o Ponto Digital assume um papel importante, como plataforma agregadora de informação e iniciativas para o emprego nas áreas do digital.

“O que já fizemos é fruto de muito trabalho em conjunto com parceiros”, afirma Sandra Martins, destacando que a ligação às entidades que integram a Coligação tem permitido avançar nesta área.

“A ponte está construída e precisamos de caminhar em conjunto”, refere Sandra Martins, que diz que o objetivo é trabalhar mais no terreno com projetos de proximidade com as populações sénior mas também com os mais novos, nas escolas e universidades. “Temos de trabalhar de mão dada entre todos e em conjunto vamos conseguir”.

10 anos da Coligação Portuguesa da Empregabilidade Digital
10 anos da Coligação Portuguesa da Empregabilidade Digital 10 anos da Coligação Portuguesa da Empregabilidade Digital créditos: .PT

Divulgar as iniciativas e conseguir atrair mais jovens para as áreas da tecnologia fazem parte das áreas de foco do Ponto Digital, e tal como acontece noutros países europeus, a inclusão da população sénior é também uma preocupação.

80% dos europeus com competências digitais até 2030

As metas definidas no programa da Década Digital para a União Europeia passam por ter pelo menos 80% da população, entre os 16 e os 74 anos, com competências digitais e 20 milhões de especialistas em Tecnologias da Informação e Comunicação, aumentando a literacia digital em toda a sociedade.

A olhar para estas metas, a coordenadora do Ponto Digital admite que os objetivos traçados na União Europeia são ambiciosos, mas que há uma revisão a cada dois anos, pelo que ainda podem mudar. “Há uma grande vontade de fazer mais e melhor e conseguirmos concretizar”, explica, adiantando que se pretende continuar a construir novas pontes e envolver mais entidades.

No próximo ano o objetivo é relançar o plano de ação, que estava definido para 2021-26, estendendo o trabalho da Coligação portuguesa de Empregabilidade Digital até 2030. Construir novas pontes e envolver novas entidades, e também algumas organizações que sofreram reestruturações, como acontece com a Direção Geral da Educação, são algumas das áreas onde Sandra Martins coloca o foco.

Com o desenvolvimento das tecnologias de Inteligência Artificial a criação de competências nesta área é igualmente sublinhada como essencial. “Temos de trabalhar a IA desde a idade escolar, trazer as tecnologias para as PME, reforçar a formação nos séniores e diplomados nesta área”, explica, dizendo que a aposta tem de ser transversal.

“É importante reforçar as competências para garantir que ninguém fica para trás na IA”, afirma, lembrando que a tecnologia pode criar desigualdades no mercado de trabalho.

Sandra Martins reforça ainda que, se queremos alavancar a economia é igualmente importante trazer mais mulheres para o digital. “Não podemos deixar de fora mais de metade da população europeia”, afirma, destacando a importância da igualdade de género neste sector, que ainda está aquém dos objetivos.

Na preparação do novo plano até 2030 a Coligação quer também envolver mais as grandes tecnológicas, que têm planos de formação e apoio ao desenvolvimento de competências digitais.

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